segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

R02 Uma pequena planta

Uma pequena planta...
Há muito tempo atrás, num lugar onde trabalhei, bem perto de uns grandes eucaliptos, uma pequena planta começou a crescer. Nem dava para acreditar naquilo.

Talvez caída da grande árvore, ela, de dentro de um cano começou a brotar. Todo dia eu passava por alí mas percebia que além de crescer com pouca água, ela poderia ser pisada e morreria. Decidi tirá-la dali.


Com muito cuidado consegui tirar todas as raízes e passá-la para um vidro com terra de jardim. Depois disso passei a regá-la sempre e vi como ela crescia. Coloquei-a protegida num canto do prédio e imaginei como ela seria quando estivesse do tamanho das árvores. Eu ia plantá-la em meu quintal. Ainda não tinha uma casa, mas tive esse sonho.

Algum tempo depois tive que me mudar. Ficaria fora alguns dias, mas pedi a um zelador que a regasse. Quando pude voltar encontrei a planta seca. Senti uma tristeza enorme pelo que ela poderia ter se tornado e agora a via alí, apenas um galhinho seco. Soube depois que o zelador havia sido dispensado da sua firma e havia ido atrás de emprego.
Assim são nossos sonhos, que muitas vezes deixamos na mão de alguém, que promete regar tudo, mas por algum motivo, deixa que ele morra.

Hoje, arrumando meu quintal me lembrei disso e ao mesmo tempo em que planejo fazer um jardim bem cuidado, me veio de novo na lembrança, a imagem da pequenina, que era como eu chamava aquela plantinha.


Plantar, regar e cuidar de nossos sonhos, acho que foi para ensinar isso que aquela pequena plantinha cresceu por um curto espaço de tempo, mas o suficiente para que eu me lembre o quanto um sonho pode ser verde cor da vida.

Mesmo que não tenhamos nada agora, mesmo que estejamos meio abatidos, ter um sonho de cor verde vida.
E não esquecer o quanto ele tem que ser cuidado por nós mesmos.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

R01 Os pregoeiros

Leitores e amigos na aldeia cibernética...

Na foto acima vemos um antigo pregoeiro do século passado em uma aldeia inglesa, dos idos de 1900. Um personagem querido, era o que chamava as pessoas da aldeia, tocando um pequeno sino e ao ver alguns cidadãos em volta dele, começava a ler escritos com as novidades. Editos, proclamas e notícias em geral eram dadas ao conhecimento dos aldeões.
Era uma figura querida de todos, que o ouviam com atenção. O pregoeiro daqueles tempos ia além do pregoeiro de leilões. Era o homem que trazia notícias para todos.
Meditando nesses dias, sobre esses bilogues de amigos daqui e de outras terras, percebi que de certa forma, nessa grande aldeia cibernética que o mundo se tornou, não somos diferentes do velho pregoeiro. Traz uma grande satisfação isso, poder partilhar com os amigos, idéias, conceitos e reflexões, enquanto eles fazem o mesmo. Apregoamos nossos pensamentos e ouvimos, por assim dizer, os pensamentos de amigos e de pessoas desconhecidas ainda. O que muitas vezes é gratificante. Em certos casos, até enxergamos o mundo de forma diferente com uma observação que lemos, que nos toca profundamente.
Os momentos em que as pessoas reúnem suas experiências do dia, da vida, seus pensamentos e observações em texto e depois, com esses escritos e imagens nos dão esses pensamentos é uma coisa que deve ser cultivada por todos nesses tempos modernos, em que o que antes era inimaginável, se tornou corriqueiro.
Penso nos tempos antigos em que o velho pregoeiro, andava pelos recantos da aldeia, pelos campos em volta, recolhendo novidades e notícias e depois, cansado, durante a noite, à luz de uma vela, fazia seus escritos e na manhã seguinte estava no centro da aldeia, a passar as notícias para todos. Na foto o que se destaca é o ar de espera incontida e alegria dos aldeões, para a leitura das novidades.
E hoje, com toda essas possibilidades que a tecnologia nos colocou na ponta dos dedos, de pesquisar recantos longínquos do planeta, alcançados em milésimos de segundo, de trocar idéias com amigos em outras partes do mundo, de fazer observações, colocar imagens junto e no outro dia ou melhor no próximo clique, colocar tudo isso à disposição dos amigos, ao mesmo tempo em que lemos as novidades que eles nos trazem, vai além de ser fascinante, é comovente.
Quase sempre vemos essa grande rodovia de informações, como chamaram há tempos a Internet, durante a noite. Podemos vê-la como uma grande via, com múltiplos caminhos, gente passando em fachos de luz, indo, voltando e ao longe os pequenos pontos brilhantes, esses pequenos textos, que nós, como pregoeiros desses novos tempos deixamos para amigos, para quem quiser ver, ao mesmo tempo em que mergulhamos também nessa profusão de palavras e imagens, concordando, discordando, mas acima de tudo nos comunicando, aprendendo mais da vida com essas palavras.
É lindo mesmo, mais que lindo, é comovente que vivamos esses novos tempos.
Republicação do texto original de 20.04.07

D05 Um retorno

Uma pequena pausa...


Peço desculpas aos amigos que vieram neste espaço e quase nada encontraram. É tempo de retornar.

Por alguns problemas de saúde de um parente próximo estive sem tempo de fazer algumas leituras, dessas que por vezes fazemos antes de escrever, como costumamos dizer, algumas poucas linhas. E certas vezes muitas linhas, dependendo do assunto, que pode nos levar num caminho de palavras.



Assim, já refeito e ao mesmo tempo esperando que esses problemas não voltem tão cedo, me dedico a preparar mais algumas coisas. Por hora republico um texto que escrevi há algum tempo.
Um grande abraço e obrigado pela compreensão.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

D04 A luz e a escuridão

Uma luz clara e frágil...

O perdão é assim. Uma luz forte, mas frágil. Como uma luz que nos ilumina nos momentos difíceis e que deve ser usada com cuidado.

Há muito tempo atrás, a luz mais comum nas casas vinha de uma lamparina que queimava óleo, caro e não muito fácil de obter.

Muitas vezes se apagava e as pessoas tinham que se resignar em ficar no escuro.

O perdão não é muito diferente. Magoamos uma pessoa aqui e pedimos perdão alí. Pode ser feito, mas essa luz tem um limite.

Lembra a menininha de um conto, que a cada vez que entristecia alguém pedia perdão e era como se ela, a cada vez que fazia aquilo, acendesse um fósforo para espantar a escuridão.

Iluminava tudo sim, mas um dia ela pediu perdão de novo e então viu que a caixa de fósforos estava vazia. E aí percebeu que lágrimas nunca brilham no escuro.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

D03 Os Biloguistas

Biloguistas, textos e a velha imprensa...

Recebi visita por esses dias do amigo Dark Nigth Hunter (http://domandreonline.blogspot.com/). Costumamos conversar sobre assuntos de religião em uma sala onde nos colocamos a arrepiar os cabelos de velhinhas beatas e tipos assim. Nada pessoal, mas algumas ovelhas do rebanho cristão primam por uma soberbia para a qual seu pastor, Jesus, deve realmente sentir vontade de colocá-las num espeto para fazer churrasco.

A propósito disso, lendo o comentário dele e também o artigo de Luis Nassif no Consultor Jurídico, é que se vê como a comunidade de biloguistas ajudou a mudar muita coisa. Desdenhados no começo pela mídia tradicional, hoje qualquer jornalista que se preza tem que ser biloguista. Nem sempre imparciais é claro. Ser partidário declarado é uma coisa, declarar-se imparcial para tentar torcer fatos nos miolos do leitor é ofício de muito jornalista hoje em dia.

O certo é que a mídia tradicional cada vez perde mais espaço para essa comunidade de leitores, que na essência são jornalistas também, assim como o eram os cidadãos americanos desde que proclamaram sua constituição. De certa forma, com o advento da Internet que permite a criação dessas redações virtuais, revivemos esse período, que no Brasil será mais traumático. Qualquer jornalista hoje, quando indagado sobre o período do regime militar entoa um cântico de condenação, tal qual qualquer outro perguntado sobre o assunto. Do regime militar, segundo eles nada útil ou decente resultou...a não ser é claro, a lei que esse mesmo execrando regime, segundo eles, editou e que exige diploma de jornalismo para exercer a função. Aí passam até a reverenciar a figura do general Costa e Silva, tal qual uma mamãe olha seu pimpolho recém nascido nos braços.

Na época a intenção do regime era fazer com que centenas de colunistas pelo Brasil afora, que escreviam muito bem contra a situação política da época, fossem banidos das redações. E conseguiram. Ficou essa lei absurda, já que os mesmos jornalistas que por aqui entoam hinos de louvor a países como os Eua, Europa e outros, que dizem ser o supra sumo da civilização e do 1o. mundo, calam-se miseravelmente batidos quando perguntamos porque não importamos desses países o civilizado e avançado costume de não exigir diploma de jornalista para exercer a profissão?

Exemplos como Dan Rather, Walther Cronkite e outros nos EUA, que nunca estiveram numa faculdade de jornalismo, mas se tornaram ícones da profissão e no Brasil tipos inesquecíveis como Nelson Rodrigues, Octávio Ribeiro e outros mostram que essa lei só continuou por interesse dos fabricantes de faculdades marretas e dos contemplados com concessões de rádio, televisão e jornais, que de posse da lei, transformam a maioria dos formados em jagunços eletrônicos.
Ou isso ou o desemprego. Pior de tudo é a desmoralização dos jornalistas em defenderem essa lei para depois irem trabalhar e baixar a cabeça para patrões que mal lêem uma revista de fofocas, mas sendo políticos e com amigos no congresso (é com letra minúscula mesmo) conseguem concessões para explorarem os meios de comunicação e aos jornalistas desse tipo, só resta a alternativa de dizerem em alto e bom som para o sujeito que não tem diploma nenhum, mas manda neles:

- Sim Sinhô...é prá já patrão, já escrevo tudo direitinho...

Mas no meio disso tudo surgiu a Internet, a comunidade de biloguistas, como relata Luis Nassif em seu artigo deu uma enorme contribuição no resultado das eleições e mais ainda, começa a mudar o cenário e o consenso sobre as mudanças nessa profissão, liberando sua entrada a todos que tenham talento nato para o jornalismo. Exemplo disso é o bilogue do meu amigo Dark, que assina seus desenhos como Dom André, que faço questão de destacar,
http://papeisavulsos.blog.terra.com.br (bilogue original) que é um misto de escritor, cartunista e cronista. Precisa mais? Sim, mudanças na lei, acabando com essa inútil exigência, que na verdade é só uma reserva de mercado e mais que isso, um cabresto na boca dos recém formados.

Ou escreve o que o patrão quer ou vai pastar.

Ou isso ou ser montado, que bela alternativa.

Links a verificar:
Luis Nassif comenta a imprensa
Bilogues crescem

Ps.: Publicado originalmente em 04.11.06. Adicionados os links novos.