quinta-feira, 19 de março de 2009

R08 Sol poente

O brilho de uma lágrima...
Chego agora em casa, ainda me refazendo de um dia pesado. Trabalho com sol a pino e no fim da tarde, por coisas da vida acabei vendo um sol poente que não conhecia.
Vi há pouco o olhar cansado de uma senhora idosa. Seus olhos me fitavam com uma expressão de tristeza, mas mais além da tristeza um cansaço sem igual.
Cansaço da vida. A vida que vi como o fio de uma lâmina. De um lado a vida vivida, de outro uma vida que prometem os crentes, é a vida em glória.
No meio disso tudo, uma lâmina que também descrita pelos escritores de todo mundo, que por certo já se prepara para seu trabalho.
Conversei com ela, tomei sua mão, cuidei de perguntar de o cobertor a agasalhava. Ela se sentia confortável. Mas nos seus olhos pude ver o brilho das lágrimas que desciam aos poucos. Não havia choro, nem sua voz estava alterada. Apenas exprimia o cansaço de uma vida como a de todos nós. Trabalho, sonhos que nunca se realizaram, dores, alegrias, tristezas, tudo isso se fundia em sua voz débil, me falando com mansidão.
E no brilho de sua lágrima, vi esse sol poente de uma vida que se vai, que ainda tem um tempo aqui, mas se vai aos poucos. Assim como o sol poente.
Beijei seu rosto, cobri seu corpo e percebi que ela começou a dormir. Senti uma tristeza sem fim. Busquei amparo na imagem da mulher que amo, especialmente no calor e no brilho vivo do seu olhar. Lembrei-me das vezes em que ela me deu a mão e me ajudou. Fiquei melhor, de olhos ainda úmidos, mas melhor.
Olhei mais uma vez para minha mãe deitada, coberta e aquecida e mostrando para mim, nessa lágrima, o sol poente que um dia também terei em meu olhar nesse momento, talvez também com uma lágrima.
Me sinto tão cansado. Mas é uma estrada que tenho que trilhar.

domingo, 15 de março de 2009

R07 Lágrimas e mãos

Cair e ser levantado...
Meu mundo caiu...

A meus pés caiu, como a garoa suave cai do céu, molhou meu rosto e me reconfortou a alma.

Caiu esse mundo de gotas de carinho, como cai essa garoa, de leve, beijando meu rosto e minha alma.

Caiu com as lágrimas dos olhos da mulher que me ama e que eu amo por me salvar quando caio nas tristezas da vida.

Sempre ela que me dá a mão, me tira as tristezas do coração, ainda assim tendo que suportar as dores em sua alma, em seu ser, conseguindo ainda me trazer esse amor.

Meu mundo caiu assim, como essa garoa de luz que essa mulher me traz com todo amor, refazendo meu mundo.

Que meu mundo sempre caia assim.

R06 O caminho e a canção

Caminhos...
Em certo momento da vida, me dei conta de que trilhava uma estrada conhecida, com uma floresta onde na entrada aparecera um árvore que eu não tinha percebido antes.

E nesse caminhar, vinha comigo a solidão. E pude ver aos poucos que não era má companheira. Apenas prezava o hábito do silêncio.

No mais me deixava pensar nas coisas da vida, nas coisas do caminhar silente.

E no seu silêncio, ela me permitia ouvir em minha mente as músicas da cantora Maysa.

E uma das canções se repetia em meu sentimento, em especial o verso que me marcava o caminhar:

"...Meu mundo caiu...eu que aprenda a levantar..."

sexta-feira, 13 de março de 2009

R05 A mão que nos guia

Do deserto para a garoa...
Quantas vezes estamos assim, perdidos no deserto da vida, procurando por um caminho.

Olhamos no horizonte e sabemos que de tantas direções que podemos tomar, só uma leva ao caminho certo.

Na vida por vezes estamos assim.

E é nesse momento que quem nos ama nos dá a mão e nos leva para o caminho certo.

É no caminhar, ainda ardente, que ouvimos sua voz suave de carinho, de incentivo e de orientação.

É assim que somos amados, é assim que amamos.

Descobrimos esse amor quando o sol ardente fica para trás e uma suave garoa de vida molha nossos rostos.

Aí sentimos que aprendemos a amar também.

quinta-feira, 12 de março de 2009

R04 Nem todos conseguem

Depende de sorte...

Algumas vezes nossa vida é assim, como estarmos perdidos no deserto. Parar não podemos, melhor tentar ir em frente.

Muitos sobreviventes dessa situação, depois de socorridos contaram que depois de certo tempo premidos pela sede e pela fome, com um cansaço que jamais haviam sentido no corpo, passaram a ver caminhos que nunca tinham visto antes.

Alguns se perderam naquela imensidão vazia e deles só restou a lembrança.

Outros seguiram o caminho e alcançaram a salvação.

E ficou neles o sentimento de que nem todos conseguem fazer essa travessia.
E eles mesmos jamais tentariam novamente.

sábado, 7 de março de 2009

R03 Amor, lembranças e caminhar...

Amor assim...

Amor verdadeiro, mesmo distante é assim, algo inesquecível, que sempre volta no seu sentir, que faz seu coração bater mais forte, que faz você se sentir melhor.

Amor desses que quando olho para um calendário, penso no dia em que estaremos juntos novamente, olho para a fileira de dias fazendo planos.

Amor, onde me refugio nos momentos de aflição, nos dias em que as horas passam com dor.
Penso nessa mulher que amo, revejo seu sorriso meigo quando está comigo, relembro sempre do seu abraço, sinto aqui o calor do seu beijo.

Mais que tudo, sinto sua mão na minha, quando estou quase caindo pelas dores da vida e mesmo distante, você me ajuda a caminhar novamente.