segunda-feira, 10 de agosto de 2009

R14 Um caminho misterioso

Caminho certo ou atalho...? Por esse dias, com vários problemas na vida, lógico, como todos pude me distrair e passei algumas horas vendo televisão. E acabei assistindo um filme que me fez pensar em certas coisas. Muitas vezes na vida pegamos um caminho certo e se soubermos que ele vai ser longo, claro, pegamos um atalho.

Foi essa a idéia que me passou pela cabeça ao refletir sobre coisas que aconteceram há muito, muito tempo.

Na história desse nosso mundo conturbado existiu um personagem que seguiu uma trajetória singular. Nacionalista fanático, teve para si que seu caminho certo era se alistar para uma guerra para servir ao país que considerava seu.

E viveu coisas inacreditáveis.

Na guerra em 1917, contava ele depois que numa tarde ao ser servida uma refeição aos soldados, ouviu uma voz que lhe dizia para se afastar dos seus amigos. Incomodado fez o que disse ter ouvido. Pouco depois um obus caiu sobre os soldados com os quais ele estava matando todos eles.

Em 1918 foi atingido junto com outros soldados por gás mostarda, extremamente venenoso, mas sobreviveu e foi retirado da frente de batalha para ser tratado num hospital militar. Numa guerra que vitimou 9 milhões de pessoas, ele sobreviveu.

Em 1923, tendo se tornado bem destacado na política de seu país, marchou junto com seus colegas de partido numa tentiva de golpe. As tropas do governo abriram fogo contra ele e seus amigos. 19 deles morreram. Ele sobreviveu.

Já líder de sua nação, em 1939 foi fazer um discurso para os membros de seu partido. Um solitário dissidente político havia colocado uma bomba preparada para explodir ao lado dele. 13 minutos antes da hora marcada, de forma inesperada ele encerrou o discurso e saiu. Na explosão que se seguiu, 8 pessoas morreram e 63 ficaram feridas.

Em 1943, ao fazer uma visita numa das frentes de combate do país que então governava, um dos seus generais, também dissidente, conseguiu colocar uma bomba dentro do seu avião. Ele fez a viagem sem problemas pelo simples fato de que, apesar de acionado, o detonador falhou.

Em 1944, mesmo com conspiradores tendo conseguido colocar uma bomba com quase 1 quilo de explosivo plástico junto dele, ele sobreviveu. Depois soube-se que um dos seus oficiais querendo mostrar-lhe uma posição no mapa havia retirado a maleta do lugar, colocando-a atrás da perna da mesa feita de madeira maciça e se posicionado na frente dele, o que o protegeu da morte certa.

Tudo isso faz a gente pensar se no caso dele a Morte, como a concebemos da forma clássica, na figura de um espírito que viaja incansavelmente pelo mundo colhendo suas vítimas, se nesse caso ela tomou um caminho certo ou foi por um atalho e se perdeu.

Sim, para quem já percebeu pela cronologia, o homem que a Morte deixou de levar nas várias vezes em que teve a chance disso, era ninguém menos do que Adolf Hitler.
O mesmo Adolf Hitler que desencadeou uma guerra, a ll Guerra Mundial, que além de sofrimentos indizíveis nos tristemente célebres campos de concentração, deixou uma conta de 52 milhões de mortos.
De forma estranha, mais uma vez a Morte ou se atrasou ou não tinha mesmo vontade de chegar perto dele. Adolf Hitler teve que obrigá-la a vir visitá-lo ao suicidar-se dentro do seu bunker em 30 de abril de 1945, enquanto tropas russas tomavam a cidade de Berlim.

Seja lá como for, partindo da idéia de que há uma vida após a morte, todos nós ficaremos sabendo afinal de contas o que foi que aconteceu, que caminhos a Morte tomou para que tudo isso acontecesse, se podia ter evitado tudo isso encontrando-se com ele logo em 1917.

O problema é que para sabermos disso, infelizmente, deveremos ter um encontro reservado com a Morte, que nos contará em primeira mão o que realmente aconteceu.

Se lembrarmos de perguntar, porque creio que para saber dessa parte da História, ninguém estará muito preocupado em virar a última página do livro da vida.

O problema é que a Morte, muito gentil, fará isso por nós. Então é só não esquecermos de perguntar na hora certa.