sábado, 24 de dezembro de 2011

D27 Um Feliz Natal

Enfim, que entreguem o presente...
Para todos os leitores deste espaço desejo um Feliz Natal e um próspero Ano Novo, com todos os sonhos realizados. E aproveitando a ocasião, meditemos sobre o triste estado em que se encontra a nossa nação.
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Com a decadência total, pública e desavergonhada dos três poderes, que ao menos os Três Reis Magos tragam o presente que a nação brasileira precisa para não terminar como uma grande fazenda.

sábado, 10 de dezembro de 2011

D26 A mansão

Afinal chegamos...
Saí no último fim de semana a caminhar sob um delicioso sol de uns 35 graus. Na estrada, com o ar quente subindo a sensação é de mais calor. Explico o porque disso. Caminhar ajuda a manter a forma e o peso dentro de uma margem razoável e quando se caminha numa tarde de sol bem escolhida, a resposta do corpo com o tempo tende a ser de maior resistência e uma sensação de bem estar que vem depois com o cansaço saudável que isso provoca e que ajuda num relaxamento geral quando a pessoa retorna para sua casa.
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Quem andava ultimamente aborrecido com minhas caminhadas é o meu bom amigo cachorro, o Bóbinho. Já com 8 anos de idade, acabei de ver nessa último fim de semana que deve ser mesmo verdade que cada ano de vida do animal vale por uns 10 do ser humano. Se andava se sentindo excluído nas tardes em que eu saía e o deixava em casa para caminhar com ele apenas na parte da noite num trecho curto, ele deve ter mudado de idéia na última caminhada.
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Decidi levá-lo para uma caminho que ele já fizera lá por 2005, já que ele demonstrava tanta vontade de seguir pelo mesmo caminho. E lá fomos nós, eu e o meu velho amigo de nome Robert D'Artagnan Flingo, convenientemente encurtado para Bóbinho, que soa menos solene.
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Ora, ocorreu que na medida em que chegava numa curva da estrada com o sol pelando, eu avançava por mais um trecho. Chegando lá, achava interessante ir até a estrada de ferro, velha conhecida do meu amigo, que ainda caminhava valente. E lá fomos até alguns quilômetros a mais do que o pensado. Já bem longe e com o sol pelando, o meu amigo que até esse ponto caminhava como um cachorro maratonista, súbitamente foi perdendo as forças como esses brinquedos de pilha que ligamos depois de muito tempo parados, que funcionam um pouquinho e logo depois travam.
Foi começando a bufar de tal forma que achei melhor voltar com ele. Mesmo caminhando mais devagar o meu amigo foi pondo uma língua para fora que eu achava que ia encostar no chão. O cansaço bateu nele de tal jeito que comecei a considerar a hipótese de carregá-lo nos braços se a situação piorasse.
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Por pouco ele não entrega os pontos. Geralmente caminha na minha frente, olhando e cheirando tudo, mas alí tive que andar mais devagar e parar na sombra para ele se refazer. O interessante é que já caminhamos uns 10 quilômetros nessa estrada, no mesmo horário e ele foi firme e forte, mas nesse dia pensei que ou é verdade que o cachorro envelhe mais depressa do que nós ou então estava mesmo completamente fora de forma.
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Seja como for, aos poucos chegamos na cidade, dobramos as ruas e logo ele estava me vendo abrir o portão. Minha casa é simples, mas para ele deve ter parecido a melhor das mansões. Lá dentro havia a tina de água que ele bebeu como deu e acima de tudo o cimento frio da sala, onde ele se deitou ainda bufando, mas começou a se sentir no paraíso. Logo estava respirando normalmente, deitado de orelhas baixas e quase pegando no sono, esparramado no cimento fresco.
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Saí depois para ir no mercado comprar algumas coisas, mas quem disse que ele dessa vez ficou de cara feia, com jeito de quem queria sair? Ao contrário, foi rápido para sua casinha e só retornou para a sala quando voltei e o chamei.
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Talvez crente que eu estivesse abrindo o portão para outra caminhada compulsória, preferiu ficar escondido até verificar que estava tudo seguro e podia enfim ir se deitar lá na sala novamente.
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Depois de ter bebido quase toda a água da tina, de ter comido um pouco de ração, agora ia se deitar no cimento fresco da sala. Isso é que é mansão para um cachorro.

domingo, 4 de dezembro de 2011

T01 Por mudanças no boletim do tempo

Assim não dá...
Por várias vezes tenho ficado sem saber se vai chover ou fazer sol depois da apresentação do boletim do tempo mostrado diariamente nos noticiários da televisão. Belas apresentadoras, todo dia com uma roupinha mais coladinha aos corpos saudáveis e malhados e que apresentam curvas generosas não deixam ninguém prestar atenção no que elas dizem.
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Acredita-se que a finalidade do trabalho de tão belas apresentadoras seja o de apresentarem o boletim do tempo, informando como vai ficar tempo, mas com essa beleza toda, os telespectadores com certeza prestam atenção somente em sua beleza e nenhuma no que elas dizem sobre chuva ou sol.
Aliás até mesmo as vozes suaves a melodiosas nos induzem a esquecer o significado do que é dito para prestar atenção apenas na suavidade com que é dito. Pior ainda é quando se deslocam de um painel para outro, deixando à mostra dos pés aos cabelos toda a beleza que mostram no vídeo. Quem é que vai prestar atenção no que dizem?
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O mais certo é as emissoras trocarem essas apresentadoras tão prendadas na beleza pela apresentação de um relatório da previsão do tempo em tom oficial e com um fundo em preto e branco. Assim lembraremos se vai chover ou fazer sol.
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Se continuarem informando a previsão do tempo com essas mulheres lindas, jamais vou lembrar se amanhã vai chover ou fazer sol, a não lembrar das apresentadoras. E quem mais vai se lembrar de outra coisa?

sábado, 26 de novembro de 2011

L07 Jesus e seus ouvintes

Um apóstolo minucioso...
Confesso como ateu que ouvir a emissora católica Rádio Canção Nova é por demais interessante. As pregações de padres que supõem os ouvintes, nunca foram casados e que falam com total desenvoltura sobre como viver o casamento deixam qualquer um a pensar se o termo "mulher de padre" tem um fundo de verdade mais espalhada por várias paróquias do que podemos imaginar.
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Em certas pregações sobre o sexo, os padres se retiram de forma conveniente e dão a vez a pregadores leigos, esses sim casados e que sempre dizem que deve-se viver o sexo de forma santa. O que será viver o sexo de forma santa? Ficamos sem saber. Já os padres, confrontados com o fato de que detalhar as relações sexuais levaria a conclusões dos ouvintes de que ou eles veem filmes de conteúdo sexual explícito ou pior ainda, fazem o sexo por aí de forma oculta deve ter motivado sua retirada estratégica dos debates e das preleções.
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Entre certos temas, os conselhos sobre evitar e isso por ordem divina, qualquer meio anticoncepcional são carregados de exaltação ao dever do casal de povoar a terra com filhos e mais filhos, despesas por conta deles, os conselheiros divinos aqui não explicam como cuidar da filharada depois. Seja lá como for, com a esmagadora maioria dos casais católicos com apenas dois filhos leva a pensar que antes da palavra divina vem o tamanho do bolso do casal, que os dois consideram entre si sem levar em conta o que o padre pensa. Uma das coisas interessantes é a pregação, essa eternamente repetida pelos padres sobre o casamento indissolúvel e a resposta de Jesus aos fariseus que o questionaram sobre o divórcio, já antes estipulado por Moisés e que sempre foi admitido pelos judeus e pelos protestantes sem problemas.
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No livro de Marcos, capítulo 10, versículo 9, selando sua afirmação de que o casamento era indissolúvel por ordem divina, segundo a anotação do discípulo Marcos, Jesus falando sobre o casamento indissolúvel afirma que:
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"Portanto o que Deus pôs sob o mesmo jugo, não o separe o homem."
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Assim ficou segundo Jesus, selada a sorte dos que casam, obrigados a viverem juntos para sempre. Talvez por isso Jesus preferiu não se casar e cientes da confusão que é o casamento, seus discípulos e os padres católicos que vieram depois também preferiram nunca se casar.
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Mas Jesus admitia sim e de forma inequívoca o divórcio. Segundo as anotações de Mateus, um discípulo talvez inconveniente por escrever fielmente tudo o que ouvia de seu mestre, presente na mesma ocasião, ele deixou escrito no capítulo 19, versículo 9 que Jesus falou da seguinte forma:
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"Eu vos digo que todo aquele que se divorciar de sua esposa, exceto em razão de fornicação, e se casar com outra, comete adultério."
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Pronto. Está aí o trecho incômodo do discípulo mais incômodo ainda, ao que tudo indica mais detalhista do que seus colegas ao anotar as palavras do mestre. E é esse trecho que escrito e reescrito como parte da palavra divina, sempre deixa à vista o que os padres fazem questão de ocultar, que Jesus admitia sim de acordo com as leis de Moisés que o casal podia se divorciar desde que a mulher tivesse cometido fornicação, que nada mais é do que o velho sexo fora do casamento. Coisa que os casais apaixonados sempre fizeram sem esperar pela palavras do padre.
Estava para ouvir mais coisas, mas ora essa, começou a chover e a rádio saiu do ar. Com certeza os padres e locutores não rezaram com suficiente fé para manter a propagação da palavra divina.

domingo, 20 de novembro de 2011

L06 Acredite se quiser

É assim a chamada fé cristã...ou qualquer outra...
Por esses dias conversando com um colega sobre religião percebi ao longo da conversa que ele deixava à vista algumas dúvidas sobre a crença, sobre fatos religiosos, sobre os personagens da Bíblia, dúvidas que qualquer cristão tem na medida em que o tempo passa, ele cresce e deixa de ser apenas uma criança obediente na missa e aí passa a fazer perguntas, no início a si mesmo, depois a outras pessoas.
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Como é normal, com uma religião já sedimentada na mente e nos costumes, a maioria segue a fé. Esses outros duvidam. No início guardam as dúvidas para si mesmos e em alguns poucos casos passam a considerar inaceitáveis certos trechos bíblicos. É o primeiro passo para deixar de acreditar nesse imenso, caótico e absurdo edfício religioso, tão absurdo que Martinho Lutero dizia que para acreditar, para ser um bom cristão, o seguidor do cristianismo tem que arrancar os olhos da razão, tem que matar em si mesmo qualquer discernimento.
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Eu mesmo deixei de acreditar em Deus há muitos anos atrás em boa parte porque comecei a ler a Bíblia por mim mesmo, depois de uma peregrinação por várias religiões onde fui constatando que tudo era uma racionalização de desejos humanos, uma espécie de amparo teológico contra os medos que afligem qualquer pessoa, com a criação de um Deus e um Messias que nada mais eram do que lendas corporificadas em religiões, criadas em épocas ancestrais da humanidade e recolhidas pelos judeus em suas passagens ora como saqueadores, ora como escravos pela região do Oriente Médio e depois passadas por eles aos cristãos, que se apossaram de seu livro santo dizendo-se o novo povo escolhido. Nos credos cristãos que resultaram disso, sempre foi milenar a leitura dos trechos selecionados pelos padres e pastores sempre ocultando os trechos absurdos de maiores discussões. Qualquer um que tenha frequentado cultos religiosos católicos ou evangélicos sabe disso, que as pregações são a eterna repetição de trechos bíblicos por assim dizer, selecionados pelos pregadores para não levantar dúvidas. Muitas pessoas andam a vida toda com a Bíblia debaixo dos braços sabendo apenas de algumas poucas páginas, eternamente repetidas pelos pregadores. Quando uma pessoa se volta para o ateísmo por finalmente ver o absurdo das religiões, é taxada de má, de dissoluta e triunfo dos triunfos, de condenada à perdição eterna. Triste engano dos fiéis. Como qualquer um deles somos sujeitos a más ações, a boas ações, a uma vida como qualquer outra, mas sem ter medo de perdição eterna, pois para um ateu não existe nem perdição nem salvação. Existe apenas a liberdade de viver a vida como ela é, sem mérito por crer ou demérito por não crer, até o fim que para todos vai chegar. Fora do edifício religioso, a pessoa consegue ver todas essas crenças como uma frágil luz no escuro, dando apenas uma visão distorcida das coisas. E para manterem seus seguidores em obediência, padres e pastores aumentam os medos e crendices dos seus fiéis, aterrorizando seus já trêmulos seguidores com incessantes estórias de perdição eterna, fogo eterno, torturas eternas e coisas assim.
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Para os cristãos católicos fica também o peso de entender como seus piedosos padres tem se envolvido em tantos escândalos sexuais em todos os países do mundo católico, ao mesmo tempo em que pregam castidade e abstinência, escândalos esses que são coisa tão antiga quanto a pregação católica, mas só nos anos recentes mais noticiados. Já os pastores evangélicos, que pregam o exemplo da vida despojada de seus amados profetas, preferem deixar essa vida para seus fiéis e protagonizam escândalos financeiros em suas seitas capazes de deixar qualquer um estarrecido, menos seus fiéis que tanto católicos como evangélicos sempre perdoam seus pregadores.
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No ano passado eu conversava com um primo evangélico que sabe que sou ateu e me disse que 1 bilhão e meio de pessoas que seguem o cristianismo não podem estar erradas. Eu disse que ele deveria considerar a mudança de religião pois outro 1 bilhão e meio de pessoas que seguem o islamismo também não podem estar erradas. Sem contar os outros 3 bilhões de habitantes do mundo que se dividem entre hinduísmo, budismo e crenças diversas. No meio disso tudo uns 20 milhões de judeus se dizem, eles sim, o povo eleito por Deus e seguidores da religião certa. Enfim, cada religião, independente do seu número de seguidores se diz a verdadeira religião e seus seguidores os verdadeiros escolhidos de Deus. O resto vai para o Inferno.
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Assim vez por outra vou deixar aqui algumas passagens bíblicas que são realmente um motivo de embaraço para os pregadores cristãos. Uma coisa como a pregação resoluta de Timóteo falando com autoridade sobre a inferioridade e submissão da mulher como preceito divino é até suave, frente a outros absurdos elevados à condição de palavra divina.
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As incoerências e contradições nas pregações de Jesus Cristo também merecem um citação ocasional. O cristão que por acaso esteja lendo estas linhas logo vai com a família para a igreja? Pois estando com ela deixa de ser digno do seu amado Jesus, como ele mesmo disse, mas isso os padres e pastores sempre deixam de lado.
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Não é fácil mesmo, com todo o peso social e psicológico que as congregações jogam sobre as pessoas ter a coragem de duvidar. Mas é um grande conforto, quando uma vez livres de crendices, medos e superstições, a pessoa consegue encarar um mundo novo, fora dessa procissão no escuro.

domingo, 13 de novembro de 2011

L05 A voz do Espírito Santo

Inacreditável, mas divertido...
Como ateu eu não deveria sintonizar meu rádio em emissoras religiosas tanto evangélicas como católicas, mas confesso que é divertido. Afora alguns raros momentos de pregações bem articuladas, o ouvinte desses programas, se não for crente, analisa a parcialidade das religiões em certos momentos e se diverte em outros. Sempre embalados por Deus, Jesus Cristo e pelo Espírito Santo, como eles mesmos dizem, os pastores e padres católicos embrenham-se na oratória religiosa com os mesmos discursos, apenas variando na religião seguida.
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Em pregações evangélicas e católicas, o furor, a raiva dos pastores e padres contra o assim chamado Diabo se traduz em pregações e exorcismos que devem fazer o pobre microfone se curvar de medo de ser atingido por algum murro que o pastor ou padre esteja dando no Diabo. Nesses momentos são pura fúria e aos poucos vão amansando a voz. Qualquer um que esteja habituado a ouvir essas rádios sabe porque. Chegou o grande momento. Logo estarão falando que tem que pagar o aluguel, tem que pagar a emissora e você, ouvinte, fiel, amigo de Deus, não quer que a obra de Deus pare, não é?
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Então aí ele fala de como colaborar, passa o número da conta dos bancos que recebem as doações e por aí vai. É difícil acreditar que padres ou pastores, capazes de expulsar o Diabo com tanta facilidade, capazes de materializar bençãos e milagres de cura e libertação como dizem, sejam incapazes de materializar cédulas de dinheiro na carteira da igreja. Enfim, o poder divino tem limites e quando se trata de dinheiro, aí fica bem limitado mesmo. Cruelmente vê-se então que a Deus tudo é possível, menos deixar de pedir dinheiro a seus fiéis.
Enquanto isso a massa de fiéis põe a mão no bolso sem pestanejar e a arrecadação cresce a cada dia e constatamos que sem dinheiro não tem milagre. É duro mas é verdade e não há padre ou pastor que consiga mudar isso. E acima de tudo, quem disse que eles querem mudar isso?
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Outra coisa comum aos evangélicos das ínumeras rádios existentes e aos católicos carismáticos que se ouve na divertida rádio católica Canção Nova são as incorporações ou frases inspiradas pelo Espírito Santo, que segundo os pregadores evangélicos e padres, desce até as reuniões de fiéis católicos e evangélicos e lhes transmite inspiração divina, mas de acordo com cada seita, é claro, e assim o Espírito Santo revela um notável espírito apartidário. Diz aos evangélicos que eles estão certos e diz igualmente aos católicos que eles também estão certos. Assim, tomados pelo poder do Espírito Santo, os mais conhecidos pregadores evangélicos e católicos nos transmitem palavras inspiradoras, segundo dizem, mas num dialeto que só encontra paralelo nas reuniões de cristãos. Tradutores não existem. Conseguiram até traduzir os pergaminhos escritos em línguas extintas que depois chamaram de Bíblia, mas traduzir o que o Espírito Santo fala, isso ninguém consegue. Ou não pode, o que explica tudo.
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Ouvindo atentamente o rádio, tanto de pastores evangélicos como de pregadores católicos, tudo o que o Espírito Santo tem a nos dizer se resume nas seguintes sílabas, repetidas à exaustão:
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"Iálábá-lábáliê-láláriê" ou "Alálálálá-bá-luluê" ou "Iesh-málábá-lá-lá-bá" ou "Ilálálá-ulê-láláiê"
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Segundo os pregadores católicos e também evangélicos, essas frases resultam da milagrosa comunicação do Espírito Santo com seus fiéis. Porém, é claro, sabendo da descrença que isso iria provocar, saem-se com a bem engendrada explicação de que na verdade isso é o dom de línguas conforme explicado na Bíblia, quando o Espírito Santo deixa a todos arrebatados.
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E mais, milagre dos milagres. Não é preciso entender o que o Espírito Santo diz, nem é preciso sequer tentar traduzir o que seus seguidores dizem aos pulos e aos berros. Quando ele faz os pregadores e fiéis darem pulos e gritarem sílabas absurdas, ele na verdade está passando para todos os fiéis e seus pregadores o sentimento do que eles realmente devem fazer. Mesmo sendo incapazes de dizerem o que foi que o Espírito Santo disse que deverão fazer, eles acreditam que o farão de forma inconsciente na medida em que viverem suas vidas. Por isso não é preciso entender o que o Espírito Santo disse com essas sílabas totalmente sem sentido.
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Seria maravilhoso se os pastores evangélicos e padres católicos realmente acreditassem nisso e pedissem dinheiro ou se dessem o número das contas dos bancos para os fiéis com a seguinte frase inspirada pelo Espírito Santo:
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"Iálábá-lábáliê-láláriê" ou "Alálálálá-bá-luluê" ou "Iesh-málábá-lá-lá-bá" ou "Ilálálá-ulê-láláiê" Mas em todas as pregações, digamos assim, financeiras, eles deixam o Espírito Santo de lado e na hora de pedirem dinheiro, o fazem em dialeto bem compreensível, fazendo questão de repetir várias vezes na mais comum das linguagens do mais comum dos mortais, o nome do banco onde a igreja tem conta, o número da conta e que dia pagar o boleto. E o mais importante, dizem o mínimo que deve ser doado.
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Sem dúvida, nesses momentos das pregações mais apegadas às coisas materiais que proveem o pagamento das contas de água, luz, o salário, a marmita e o aluguel da casa dos padres, o Espírito Santo e seu dom de línguas incompreensíveis são deixados de lado sem maiores cerimônias.
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Ou isso ou então o Espírito Santo se recusa a tirar dinheiro do bolso. Isso sempre fica por conta dos fiéis.

sábado, 29 de outubro de 2011

R46 Perdi o sono e escrevi

Um dia vai acontecer mesmo...
Na noite de sexta-feira conversei com a mulher que amo. Por uma série de circunstâncias acabamos falando sobre a morte. Um dia vai acontecer com todo mundo. Se por um lado é um pensamento incômodo, por outro dá para levar no humor de vez em quando.
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Sabe-se lá se a gente que está aqui fazendo grandes planos no momento seguinte não estará duro no chão. Foi-se a vida. E a gente nem vai no velório. Ou melhor vai, mas não vai dar muita importância para a coisa toda.
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Seja lá como for, por artes desse pensamento acabei perdendo o sono, que conciliei depois lendo um livro de informática para principiantes. Mas antes de dormir, decidi escrever para o meu amor. A gente nunca sabe.
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E assim escrevi:
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"Minha menina, perdi o sono e então vim deixar uma cartinha para você. Talvez você só possa ler depois de viajar, mas se ler amanhã já é um carinho para você.
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Pensamos nessas coisas da vida e da morte e sim, pode acontecer que eu morra ou você morra e estaremos longe, como estamos agora, mas juntos no pensamento. Fico pensando como me sentiria se você morresse amanhã. Acho que ia me sentir perdido mesmo.
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De vez em quando esses pensamentos nos pegam e é até correto examinar o que sentimos, ver que deixamos a pessoa amada feliz, que nos lembramos dela sempre. É o melhor que podemos fazer.
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Pensei depois que conversamos logo à noite...De repente a minha amada se vai...Vou telefonar para ela...
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Mas te achei animada pelo tom de voz, sei que deve estar cansada com seus afazeres, mas sua voz me pareceu bem. Enquanto você falava, o meu cachorro que acha que é o dono da sala, acho que porque falei nele veio se chegando para me fazer festa, brincar e pular em mim, enquanto eu tentava afastá-lo e é claro, como se enfia em todos os buracos do quintal ele não está propriamente cheirando bem.
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E foi pulando em mim e até me lembrei dessas estórias do animal fazer carinho no amigo porque pressente que a hora do sujeito chegou e coisa de uma semana depois ele cai duro mesmo. Que coisa, fiquei meio sem jeito. Aí fui me despedindo de você e tive que trocar de abrigo e pôr o outro de molho no tanque. Mas esse cachorro é um bom amigo. Espero que seja só festa mesmo.
Decididamente falo como você. Não tenho medo de morrer, mas parafraseando Woody Allen, aquele diretor de cinema, tenho que concordar com a frase que ele tornou célebre: "Não é que eu tenha medo de morrer. Só gostaria de não estar por perto quando acontecesse."
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Minha menina, como te disse por vezes pensamos nisso e é até melhor pensarmos mesmo. Não temos como escapar. Mas esse Deus em quem você acredita tanto errou mesmo. Morremos e depois cheiramos mal daquele jeito? Ora essa, seria melhor se a gente morresse e sumisse como uma bolinha de naftalina ou voasse pela sala como uma bexiguinha furada e pronto, guardavam a gente de lembrança numa moldura ou gaveta.
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Mas se a Morte vier quando estivermos juntos, saiba que com todo amor me colocarei do seu lado e sem medo direi para a Morte:
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- Por favor, as mulheres primeiro...
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Um beijo em seus olhinhos e na sua boquinha com amor."

domingo, 23 de outubro de 2011

R45 A eterna procissão

Crenças, livros sagrados e castigos...
Há muito tempo atrás deixei de acreditar em Deus. Religiões, preceitos tidos como sagrados, a Bíblia e todas essas coisas aparecem aos olhos de quem descrê de tudo isso como uma curiosa e intrincada racionalização de coisas que nunca foram vistas mas são acalentadas pelo sentimento dito cristão. É normal.
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Aos fiéis resta acreditarem em preceitos sem pé nem cabeça. E de certa forma fazer de conta que certas coisas nunca foram ditas ou escritas, para que o culto na igreja não degenere em tumulto, pancadarias e mortes. Vejamos alguns deles, escritos na Bíblia e gravados a ferro e fogo na alma dos cristãos.
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Descrito como um deus de amor, o Deus assim chamado pelos cristãos reservava aos deficientes físicos na época de Moisés, uma discriminação cruel. Dúvidas? Este trecho da Bíblica, em Levítico, capítulo 21, versículos 18 a 23 deixa tudo claro:
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“Há defeito nele. Não se pode aproximar para apresentar o pão de seu Deus. Pode comer o pão de seus Deus, das coisas santíssimas e das coisas sagradas. No entanto não se pode chegar á cortina e não se pode aproximar do altar porque há defeito nele e não deve profanar meu santuário, pois eu sou Jeová que os santifico.”
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É duro mas é verdade. E a procissão continua sob palavras mais inclementes do que o sol de uma tarde de verão.
O Deus de amor, carinhoso e amoroso com seus filhos e que diz amar tanto, também reservou o seguinte castigo para algumas crianças que apenas riram do seu profeta Eliseu em sua inocência infantil, como é mostrado na Bíblia em II Reis, capítulo 2, versículos 23 a 25:
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“E dali passou a subir a Betel. Quando subia pelo caminho havia uns pequenos rapazes que saíram da cidade e passaram a fazer troça dele e lhe diziam: Sobe careca! Sobe careca. Finalmente ele se virou para trás e os viu e invocou sobre eles o mal em nome de Jeová. Saíram então da floresta duas ursas e dilaceraram quarenta e dois meninos deles. E ele seguiu de lá para o Monte Carmelo e de lá para Samaria.”
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Que exemplo de amor. Um Deus amoroso responde prontamente à invocação do mal e depois de cometida a atrocidade, seu profeta, que com certeza devia estar pensando em dizer na próxima cidade em como esse deus é amoroso, dá as costas para tudo como se nada tivesse acontecido. E quanta bondade e compreensão esse Deus revela. Quarenta e duas crianças mortas por esse deus só por causa de uma brincadeira infantil. Se fossem adultos sabe-se lá o que teria acontecido, no mínimo a erupção de um vulcão.
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Se bem que na Bíblia, segundo os cristãos a própria palavra de Deus, conta no livro de I Samuel, capítulo 5, versículos de 9 a 12 que, aborrecido com suas criaturas, Deus decidiu puni-las da seguinte forma:
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“E sucedeu que depois de terem feito dar a volta até lá, a mão de Jeová veio a estar sobre a cidade com uma confusão muito grande e ele começou a golpear os homens da cidade, desde o pequeno até o grande, e começaram a arrebentar neles hemorróidas.”
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É óbvio que as farmácias daquela época devem ter tido um dia de grandes vendas de pomadas para aliviar a dor dos punidos pela ira divina. Talvez pelo pressentimento da Lei Maria da Penha, Jeová decidiu poupar naquele dia as mulheres da cidade. E aguente ouvir o padre ou pastor recitando esse trecho da Bíblia sem rir.
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Se bem que padres e pastores usam de um truque milenar. Essas partes desagradáveis do seu livro santo jamais são ditas num sermão ou exortação. E toca a cobrar o dízimo, que sem isso, nada funciona, nem a palavra divina.
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E ao crente convicto de tudo isso, resta apenas pagar e acreditar piamente em tudo o que seus chefes espirituais dizem ou então que ele lê no chamado livro sagrado. Como disse Martinho Lutero em plena Idade Média, para acreditar, temos que arrancar os olhos da nossa razão.
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Ou se faz isso ou então o Deus amoroso dos cristãos lhes reserva a eternidade dentro do fogo do inferno.
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Que variado leque de bondosas opções esse amoroso Deus oferece.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

R44 Não fizemos tudo

O tempo é assim mesmo...
Eu e minha mulher amada combinamos muita coisa da última vez. E não fizemos algumas coisas, mas o tempo, acreditem, nesses casos é assim mesmo. Se fazemos alguma coisa que tínhamos combinado, vamos pensar depois que não fizemos outra e assim por diante. Mas estivemos juntos, desfrutamos da companhia um do outro, ela me confiou seu amor, seus beijos, me contou das dores da vida batendo em seu coração e lhe dei amor, carinho, atenção, tudo que o que um casal de amantes pede numa relação.
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E um pequeno presente, um bule de louça com flores bem desenhadas, presentes que a gente dá para ficar de recordação, sempre que for usado. E fizemos nosso passeio de sempre numa estrada que leva até a floresta que conhecemos. Coisas assim, pequenas, detalhes, mas que fazem a felicidade de pessoas que estão juntas e que se amam.
A volta, o aconchego da casa, essas coisas todas, o amor de corpo e alma, tudo isso leva a outros momentos que nos fazem esquecer de outros que havíamos combinado, mas amar é assim mesmo.
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Lá pelo meio do ano passado encontrei numa locadora o filme "O morro dos ventos uivantes" um clássico do romance, uma estória de amor, triste, mas como muitas que vemos por aí. E deixei na estante esse tempo todo e aí dessa vez assistimos o filme.
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Quem não chora vendo um filme assim? Eu choro, claro, apenas as lágrimas escorrem. Ela viu e me abraçou. E por momentos assim, acabamos não fazendo outras coisas que tínhamos pensado
Fica sempre alguma coisa por fazer, mas se tivéssemos feito tudo, alguma outra coisa ia ficar por fazer também. E aí pensamos nisso depois, mas sabemos mesmo que depois vamos fazer tudo o que combinamos. É como caminhar por uma estrada cheia de belezas. Podemos ir até alí ver uma flor, mas deixamos de ver uma árvore do outro lado, podemos ficar na beira de um córrego mais adiante, mas deixamos de ver uma pequena trilha do outro lado.
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Sempre fica alguma coisa por fazer, mas amar é assim mesmo, é sempre querer ter alguma coisa a mais para fazer com quem você ama.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

D25 O poleiro da audiência

Ninguém suspeitava disso...
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Algumas bancas expuseram por alguns dias bem nas portas as revistas de fofocas televisivas com letras grandes sobre as "revelações" feitas por Dani Bolina sobre um fato estarrecedor, do qual ninguém, absolutamente ninguém suspeitava até agora. A de que algumas de suas ex-colegas dançarinas do programa "Pânico na TV" eram garotas de programa.
Depois de ter saído do programa onde se apresentava rebolando mas sem contrato assinado, a ex-panicat entrou no modorrento reality show "A Fazenda" da Rede Record e depois de eliminada, magoada com a campanha do seu antigo programa pela sua eliminação, deu bombásticas declarações sobre as atividades mais íntimas de suas ex-amigas e agora atuais inimigas.
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Com revelações capazes de deixar o conselho de segurança da ONU de cabelos em pé, a ex-panicat conseguiu uma boa atenção da mídia, seguindo o velho ditado de "falem mal, mas falem de mim" com o que muitas figuras do meio televisivo conseguem se manter nas manchetes nem sempre elogiosas dessas revistas. Assim que as declarações foram ao ar, algumas moças do dito programa acusaram a bicada ou melhor o golpe, partindo para declarações e revelações constrangedoras sobre a ex-amiga de trabalho (qual trabalho seria?) e Nicole Bahls uma das integrantes do programa desfiou uma série de revelações sobre segredos de beleza da ex-amiga.
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O interessante é que nenhuma das atingidas pelas revelações de Dani Bolina seguiu o caminho corriqueiro nesses casos que se presumem que sejam de calúnia e difamação, ou seja, a abertura do devido processo legal, intimando sua acusadora a ir na frente de um juiz comprovar suas acusações.
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Vai que prova e comprova, com todos aqueles repórteres lá fora esperando pelas declarações "de que minha honra agora está acima de qualquer suspeita". Que situação. A melhor tática encontrada foi essa, uma guerra de batons, lingeries, próteses de silicone e muitas farpas, fofocas e contra-fofocas sem maiores consequências até que a poeira abaixe.
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Enquanto isso os donos de bancas aguardam ansiosos novos lances e agitos que garantiram algumas vendas razoáveis e uma boa quantia em caixa enquanto a briga durou.
É provável que logo tenhamos mais "revelações" inacreditáveis sobre o poleiro televisivo, se bem que para todas a envolvidas o silêncio parece ser mais compensador.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

D24 Civilização, afinal

Apesar de tudo, ela aparece...
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Ando pela rua numa tarde quente. Na calçada ao lado anda um adolescente do modo mais deplorável possível, porém rotineiro nos dias de hoje. Já pouco habituado aos costumes civilizados, entre eles o de se vestir, é o tipo que vemos pelas ruas hoje.
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Chinelão, bermuda, camiseta, tudo sujo e boné ensebado enfiado na cabeça. Os cabelos imitando Justin Bieber se esparramam por fora, mal deixando uma fresta para o coitado enxergar. Suponho que seja teleguiado. Na mão um telefone celular tocando uma coisa que chamam de funk no último volume e que alguns críticos malucos ou muito bem subornados dizem que é música. Por um instante me sinto na selva, se bem que os índios tem um comportamento muito mais civilizado e acordes musicais infinitamente melhores, mesmo que só disponham de um bumbo e um tronco para tocarem suas músicas.
Entro na barbearia para o costumeiro corte de cabelo. Enquanto espero que um garoto termine de cortar o cabelo, noto que esse parece civilizado ou tem pais que cuidam de seus modos e principalmente o ensinam a se vestir corretamente.
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Enquanto isso o barbeiro, um velho conhecido, ajusta o som do rádio onde ele sempre sintoniza a mesma emissora. Começa a tocar a inesquecível música de Nat King Cole que se chama "Unforgetable". Inacreditável. O rosto de menino se abre num sorriso. Pelo que posso ver, ele aprecia músicas civilizadas. Nem tudo está perdido.
Ele termina de cortar o cabelo e sai. O barbeiro começa a cortar meu cabelo enquanto a locutora anuncia a próxima música. Novamente nem posso acreditar. Ouço a música "Strangers in the night" na voz eterna de Frank Sinatra. É muito bom cortar o cabelo assim, folheando uma revista velha e ouvindo músicas desse tipo, inesquecíveis e que serão tocadas em qualquer época e cultuadas como música mesmo, com um cantor apresentável com porte e com garbo, civilizado afinal. Saio dali para casa depois de conversar um pouco e olho pela rua enquanto caminho. É verdade, a geração atual, não só ela como até seus avós regrediram até mesmo a comportamentos incivilizados, onde até mesmo colocar uma roupa decente parece estranho aos habitos dos ditos aborígenes mecanizados que andam pelas ruas, quando estariam mais bem adequados a uma selva.
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Mas depois de ouvir essas músicas, de ver um garoto de uns 11 anos admirar músicas que representam o que de melhor temos para ouvir, sentir e apreciar e tudo isto numa barbearia de uma cidade pequena, posso acreditar que a civilização só foi até alí no canto da História e logo volta.

sábado, 10 de setembro de 2011

D23 Eu devia...

Parecia que ia ter uma programação normal...
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Sábado de noite. Chego em casa e ligo a televisão depois de voltar com o cachorro, que se deita na sala feliz da vida. Ele se considera proprietário dela. Tenho certeza que vai passar algum filme de ação ou pelo menos alguma comédia. Nada disso, parece dizer o personagem cantante da telinha. Aparece de novo, mais uma vez e depois de todos esses anos, Roberto Carlos. E como se fosse uma programação maquiavélicamente calculada de água com açúcar concentrado capaz de deixar qualquer diabético em coma na hora, ele está cantando em Jerusalém.
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Suas frases melosas sobre amor e mais amor e ainda por cima sobre Jesus Cristo são simplesmente apavorantes. Deve ser mesmo verdade que Roberto Carlos comprou a Rede Globo para uso pessoal. Ele aparece nela mais do que anúncio da Coca-Cola.
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Mudo de canal esperando que talvez encontre algum documentário sobre aventuras ou coisa do tipo National Geographic. Nada disso, também parece dizer o apresentador Brito Júnior que aparece na telinha prometendo momentos e revelações eletrizantes no modorrento reality show "A Fazenda". Na tal fazenda, duas mulheres conversam. Uma parece fazer força para aguentar as "revelações" da outra, que é uma loira com o corpo visivelmente esculpido com anabolizantes, mostrando mais musculatura nas pernas do que muito jogador de futebol. Ao invés de ficar sexy, fica parecendo uma criação de laboratório. Seu rosto é filmado em close-up e dá para acreditar que anabolizantes realmente tem hormônios masculinos. A pele do rosto dela parece tudo, menos pele feminina.
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Entram os anúncios. Pendurado em um barbante de esperança, espero para ver se ao menos vai passar o seriado "Heroes" que nada por nada tem bons truques digitais. Nada disso, também diz o outro personagem que aparece na telinha.
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Quem estiver assistindo televisão como eu vai ter que enfrentar o famigerado programa "Legendários" que não se sabe porque é chamado de humorístico, quando na verdade é um desfile de momentos constrangedores. Para descrever esse programa, basta pensar num presidente fazendo um discurso em rede nacional enquanto enfia o dedo no nariz.
Que a televisão brasileira anda ruim, todo mundo sabe, mas não se imagina tanta programação mais estragada do que maionese velha e em vários canais ao mesmo tempo. Deve ser por isto que o povo no Rio de Janeiro voltou a trocar tiros de novo. Por falta de programas decentes para assistir na televisão.
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Desisto e olho para alguns vídeos velhos que tenho na estante. Eu devia mesmo ter passado na vídeolocadora hoje.

domingo, 28 de agosto de 2011

R43 Que amigos

De qualquer jeito, está frito...
Durante a semana causou agitação a notícia de que um peão no rodeio de Barretos acabou quebrando as vértebras do pescoço de um bezerro durante o rodeio ao imobilizá-lo. Torcendo o pescoço do animal com toda força, acabou deixando-o tetraplégico na arena. O animal foi sacrificado.
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A grita dos defensores dos animais foi grande, toda a condenação do público e de convidados entrevistados em programas caiu sobre o peão que agora está impedido de se apresentar. Na entrevista que deu, ele afirmou que o bezerro "caiu do jeito errado".
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Ao que tudo indica agora os animais tem que ir para um rodeio tendo que saber direitinho de que jeito afinal eles tem que cair.
Com a agitação de entrevistados, do público e das organizações de defesa dos animais, hoje causou outro tumulto o fato de que um boi saiu do rodeio com as pernas traseiras paralisadas. Imediatamente alvejado por críticas o peão se safou com a constatação de que o animal havia caído com cãibras nos músculos traseiros.
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Enquanto todos se compadecem dos pobres bichos, o que fico imaginando é que esses animais provavelmente estavam em pastos onde, digamos assim, colegas seus foram levados em outro caminhão. Tomando outra estrada o caminhão parou num matadouro, onde longe das vistas tão sensíveis dos espectadores e telespectadores, os pobres bichos foram abatidos e em questão de minutos estavam transformados em linguiças, salames, presuntos, pedaços de carne e seus couros foram para o curtume, onde vão passar a se chamar de cintos, bolsas, sapatos, jaquetas e tudo mais.
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Enquanto isso, quem sabe, em animada roda de pessoas numa mesa discutindo talvez a criação de alguma ONG para a defesa dos bichinhos, a chegada do garçom com uma suculenta picanha interrompe a conversa e todos principiam a trinchar a carne, mastigando com gosto e com elogios ao churrasqueiro esse prato delicioso, que até ontem era exatamente um dos bichos que eles agora se propõem a defender, com unhas e dentes, mas começando com os dentes.
É provável que o animal, talvez já no reino espiritual, se sinta confortado por saber que seu corpo tornou-se alimento daqueles que dizem defender a paz e o bem-estar dos bichos em geral, mas que por uma estranha visão das coisas, preferem afagar com grande simpatia a cabeça dos bichinhos e depois cortá-los em pedaços para comer, deixando de lado qualquer veleidade de uma dieta vegetariana.
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Contando com esses defensores, sem dúvida os bichos estão literalmente fritos.