sexta-feira, 23 de setembro de 2011

D25 O poleiro da audiência

Ninguém suspeitava disso...
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Algumas bancas expuseram por alguns dias bem nas portas as revistas de fofocas televisivas com letras grandes sobre as "revelações" feitas por Dani Bolina sobre um fato estarrecedor, do qual ninguém, absolutamente ninguém suspeitava até agora. A de que algumas de suas ex-colegas dançarinas do programa "Pânico na TV" eram garotas de programa.
Depois de ter saído do programa onde se apresentava rebolando mas sem contrato assinado, a ex-panicat entrou no modorrento reality show "A Fazenda" da Rede Record e depois de eliminada, magoada com a campanha do seu antigo programa pela sua eliminação, deu bombásticas declarações sobre as atividades mais íntimas de suas ex-amigas e agora atuais inimigas.
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Com revelações capazes de deixar o conselho de segurança da ONU de cabelos em pé, a ex-panicat conseguiu uma boa atenção da mídia, seguindo o velho ditado de "falem mal, mas falem de mim" com o que muitas figuras do meio televisivo conseguem se manter nas manchetes nem sempre elogiosas dessas revistas. Assim que as declarações foram ao ar, algumas moças do dito programa acusaram a bicada ou melhor o golpe, partindo para declarações e revelações constrangedoras sobre a ex-amiga de trabalho (qual trabalho seria?) e Nicole Bahls uma das integrantes do programa desfiou uma série de revelações sobre segredos de beleza da ex-amiga.
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O interessante é que nenhuma das atingidas pelas revelações de Dani Bolina seguiu o caminho corriqueiro nesses casos que se presumem que sejam de calúnia e difamação, ou seja, a abertura do devido processo legal, intimando sua acusadora a ir na frente de um juiz comprovar suas acusações.
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Vai que prova e comprova, com todos aqueles repórteres lá fora esperando pelas declarações "de que minha honra agora está acima de qualquer suspeita". Que situação. A melhor tática encontrada foi essa, uma guerra de batons, lingeries, próteses de silicone e muitas farpas, fofocas e contra-fofocas sem maiores consequências até que a poeira abaixe.
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Enquanto isso os donos de bancas aguardam ansiosos novos lances e agitos que garantiram algumas vendas razoáveis e uma boa quantia em caixa enquanto a briga durou.
É provável que logo tenhamos mais "revelações" inacreditáveis sobre o poleiro televisivo, se bem que para todas a envolvidas o silêncio parece ser mais compensador.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

D24 Civilização, afinal

Apesar de tudo, ela aparece...
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Ando pela rua numa tarde quente. Na calçada ao lado anda um adolescente do modo mais deplorável possível, porém rotineiro nos dias de hoje. Já pouco habituado aos costumes civilizados, entre eles o de se vestir, é o tipo que vemos pelas ruas hoje.
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Chinelão, bermuda, camiseta, tudo sujo e boné ensebado enfiado na cabeça. Os cabelos imitando Justin Bieber se esparramam por fora, mal deixando uma fresta para o coitado enxergar. Suponho que seja teleguiado. Na mão um telefone celular tocando uma coisa que chamam de funk no último volume e que alguns críticos malucos ou muito bem subornados dizem que é música. Por um instante me sinto na selva, se bem que os índios tem um comportamento muito mais civilizado e acordes musicais infinitamente melhores, mesmo que só disponham de um bumbo e um tronco para tocarem suas músicas.
Entro na barbearia para o costumeiro corte de cabelo. Enquanto espero que um garoto termine de cortar o cabelo, noto que esse parece civilizado ou tem pais que cuidam de seus modos e principalmente o ensinam a se vestir corretamente.
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Enquanto isso o barbeiro, um velho conhecido, ajusta o som do rádio onde ele sempre sintoniza a mesma emissora. Começa a tocar a inesquecível música de Nat King Cole que se chama "Unforgetable". Inacreditável. O rosto de menino se abre num sorriso. Pelo que posso ver, ele aprecia músicas civilizadas. Nem tudo está perdido.
Ele termina de cortar o cabelo e sai. O barbeiro começa a cortar meu cabelo enquanto a locutora anuncia a próxima música. Novamente nem posso acreditar. Ouço a música "Strangers in the night" na voz eterna de Frank Sinatra. É muito bom cortar o cabelo assim, folheando uma revista velha e ouvindo músicas desse tipo, inesquecíveis e que serão tocadas em qualquer época e cultuadas como música mesmo, com um cantor apresentável com porte e com garbo, civilizado afinal. Saio dali para casa depois de conversar um pouco e olho pela rua enquanto caminho. É verdade, a geração atual, não só ela como até seus avós regrediram até mesmo a comportamentos incivilizados, onde até mesmo colocar uma roupa decente parece estranho aos habitos dos ditos aborígenes mecanizados que andam pelas ruas, quando estariam mais bem adequados a uma selva.
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Mas depois de ouvir essas músicas, de ver um garoto de uns 11 anos admirar músicas que representam o que de melhor temos para ouvir, sentir e apreciar e tudo isto numa barbearia de uma cidade pequena, posso acreditar que a civilização só foi até alí no canto da História e logo volta.

sábado, 10 de setembro de 2011

D23 Eu devia...

Parecia que ia ter uma programação normal...
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Sábado de noite. Chego em casa e ligo a televisão depois de voltar com o cachorro, que se deita na sala feliz da vida. Ele se considera proprietário dela. Tenho certeza que vai passar algum filme de ação ou pelo menos alguma comédia. Nada disso, parece dizer o personagem cantante da telinha. Aparece de novo, mais uma vez e depois de todos esses anos, Roberto Carlos. E como se fosse uma programação maquiavélicamente calculada de água com açúcar concentrado capaz de deixar qualquer diabético em coma na hora, ele está cantando em Jerusalém.
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Suas frases melosas sobre amor e mais amor e ainda por cima sobre Jesus Cristo são simplesmente apavorantes. Deve ser mesmo verdade que Roberto Carlos comprou a Rede Globo para uso pessoal. Ele aparece nela mais do que anúncio da Coca-Cola.
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Mudo de canal esperando que talvez encontre algum documentário sobre aventuras ou coisa do tipo National Geographic. Nada disso, também parece dizer o apresentador Brito Júnior que aparece na telinha prometendo momentos e revelações eletrizantes no modorrento reality show "A Fazenda". Na tal fazenda, duas mulheres conversam. Uma parece fazer força para aguentar as "revelações" da outra, que é uma loira com o corpo visivelmente esculpido com anabolizantes, mostrando mais musculatura nas pernas do que muito jogador de futebol. Ao invés de ficar sexy, fica parecendo uma criação de laboratório. Seu rosto é filmado em close-up e dá para acreditar que anabolizantes realmente tem hormônios masculinos. A pele do rosto dela parece tudo, menos pele feminina.
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Entram os anúncios. Pendurado em um barbante de esperança, espero para ver se ao menos vai passar o seriado "Heroes" que nada por nada tem bons truques digitais. Nada disso, também diz o outro personagem que aparece na telinha.
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Quem estiver assistindo televisão como eu vai ter que enfrentar o famigerado programa "Legendários" que não se sabe porque é chamado de humorístico, quando na verdade é um desfile de momentos constrangedores. Para descrever esse programa, basta pensar num presidente fazendo um discurso em rede nacional enquanto enfia o dedo no nariz.
Que a televisão brasileira anda ruim, todo mundo sabe, mas não se imagina tanta programação mais estragada do que maionese velha e em vários canais ao mesmo tempo. Deve ser por isto que o povo no Rio de Janeiro voltou a trocar tiros de novo. Por falta de programas decentes para assistir na televisão.
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Desisto e olho para alguns vídeos velhos que tenho na estante. Eu devia mesmo ter passado na vídeolocadora hoje.