segunda-feira, 12 de novembro de 2012

L15 Deus proverá. Mesmo?

A Igreja Católica correu, se bem que ela apenas foi atrás de todo mundo...
Durante essa semana, aliás, semanas, em que um tiroteio sem precedentes está deixando claro para todos que o Brasil afinal encontrou sua guerra civil e agora reedita na versão paulista os mesmo fuzilamentos que ocorriam em países como Guatemala, Honduras e El Salvador na década de 80, apesar de tudo um evento de certa forma até cômico foi protagonizado pela Igreja Católica, seus dignitários e fiéis também, que nessas alturas ou pensam em mudar de igreja, ou deixaram de acender velas ou ficaram com sua fé muito abalada.
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Tendo em vista que nem Bíblias, nem terços e nem rezas param balas, cardeais, bispos e padres paulistanos, do alto de sua santa coragem, decretaram sem meias palavras que em virtude do tiroteio que assola a capital paulista, eles não vão mais rezar missas à noite e já deixaram claro para os fiéis que quem tentar se refugiar numa igreja à noite, em caso de algum tiroteio, pode deitar na rua, porque as portas estarão fechadas a cadeado. Não adianta bater que o padre não abre as portas.
Também, olhando de frente certas coisas, o Papa, santo dignitário e pessoalmente ungido, inspirado e protegido por Deus na Terra como acreditam os católicos,  seguindo e imitando a Jesus Cristo, por uma inexplicável ou humilhantemente explicável constatação de que a proteção divina fica bem melhor se for ajudada por vidros blindados, anda para baixo e para cima no chamado Papamóvel, um carro blindado, que deixa meio pensativos os fiéis mais inquisidores, afinal se como diz o Papa, Deus proverá sua proteção divina, porque desconfiar dele andando em carro blindado? Isso o Papa prefere não comentar.
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E aqui no Brasil, esperando encontrar padres resolutos e corajosos, os fiéis deram com a cara na porta fechada das igrejas, pois como disseram os padres, com ordens dos cardeais, nada de missa a noite. Caem por terra as preleções tão preferidas dos padres e tão repetidas pelos fiéis, tais como "Deus proverá", no caso, segurança, só a porta fechada é que provê ou a famosa "Se Deus é por nós, quem será contra nós"? Bem pelo menos, os padres já deram a reconhecer de forma indireta que a facção criminosa que aterroriza São Paulo é contra eles e Deus está longe de incomodá-los. O fiel que for pego andando na rua altas horas da noite, voltando da missa e desobecendo o toque de recolher dos bandidos, será fuzilado e não adianta pôr a Bíblia na frente que ela não segura balas, assim o reconhecem os padres.
Ao menos o incidente serve para calar a boca de certos padres que chegaram a dizer um dia o famoso "Lutei contra a ditadura". Cadê a coragem de lutar contra reles bandidos agora, se ousaram lutar contra um exército? Ah, é que o dito exército da dita ditadura permitia que chamassem advogados. A Pastoral Carcerária à qual os criminosos devem muitas das suas "saídinhas" para cometerem crimes, sumiu, entrou em algum bueiro, para todos os efeitos não dá um pio.
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Melhor os fiéis irem ao cinema para assistirem filmes de terror. Se é para levar susto, ao menos estarão num cinema confortável com direito a refrigerante e batata frita. Mas é melhor ir na sessão da tarde. Porque se forem de noite, no retorno durante o tiroteio, os padres já deixaram claro, que Deus não proverá nada que os ajude. E eles entào muito menos.
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quarta-feira, 3 de outubro de 2012

L14 O Espírito Santo frentista

Segundo a missionária, aconteceu...

Ontem consegui, ao menos em parte fazer com que um velho rádio da década de 70, que guardo como peça de museu, particular é claro, funcionasse em parte. Ainda tem que ser desmontado e limpo para poder funcionar direito. E logo após ouvir as faixas de ondas curtas, com suas rádios estrangeiras, decidi passear pelas rádios religiosas.
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Eu nem poderia imaginar que teria tantas surpresas assim. Descobri várias rádios, mas as mais interessantes são as que pregam aos berros e gritos com o pastor levando fiéis a testemunharem num palco, ao que tudo indica, que dizem ter sido curados de doenças como paralisia, câncer, cegueira, derrames e uma profusão de males que os médicos levam meses tratando e sem muitos resultados.
Pegando uma rádio evangélica catarinense, fui prestando atenção nos berros e gritos do pastor, que logo, entre outros testemunhos, trouxe uma missionária da seita para testemunhar um milagre proporcionado pelo Espírito santo. Contou ela que em viagem a serviço da igreja, ao parar num posto para encher o tanque de gasolina, já que o indicador mostrava o fim do combustível, pediu ao frentista para encher o tanque e ele disse que não tinha como, pois o tanque estava tão cheio que quase transbordava.
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Maravilhada a missionária pegou a estrada novamente e então o Espírito Santo, com sua voz inconfundível disse a ela que não a abandonaria jamais e por isso havia feito o tanque ficar cheio de gasolina. Mais berros e aleluias ecoaram ao fundo e pensei comigo mesmo que se Jesus era prodigioso multiplicando pães e peixes, aqui estava o Espírito Santo nos tempos modernos multiplicando gasolina. Sem dúvida a presidente da Petrobrás irá orar pela sua intervenção na estatal, de tão parcos resultados nas refinarias, haja visto que importa gasolina. 
Continuando a ouvir milagreiros e milagres, notei que a recepção não está muito boa. Por vezes perco a descrição de um milagre porque a transmissão fica cheia de ruídos.
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E sintoniza daqui, sintoniza dalí, peguei a rádio com o tão falado pastor David Miranda, que produz tantos milagres de curas de todas as doenças, que custo a crer que na cidade de São Paulo, com tantos milagres por hora, as pessoas ainda percam tempo indo em hospitais e consultórios.
Mas continuei com a descrição dos milagres atrapalhada pelas interferências, que sem dúvida devem ser obra de Satanás, apresentado pelo pastor como um ser que procura destruir a mensagem cristã.
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E na clássica atuação dos pregadores, depois de apresentar milagres e mais milagres, de transmitir o testemunho de pessoas que jogavam as muletas fora alí mesmo no palco, o pastor não deixou de passar a mensagem de que todos devem depositar o dízimo, falando a conta dos bancos e repetindo a ordem. Quem não der dinheiro vai para o inferno.
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Fiquei pensando nesse Deus tão poderoso, que produz um verdadeiro dilúvio de milagres, mas é incapaz de encher os cofres das suas igrejas com um pingo de dinheiro que seja, onde seus pastores são assim obrigados a pedir dinheiro aos seus fiéis, já que esse deus parece não prestar muita atenção para esses desprezíveis detalhes financeiros. Em todas as rádios, todos os pregadores pediram dinheiro para a glória de Deus. 

Enquanto isso, eu ficava aborrecido com a transmissão que sumia e voltava. Fiquei imaginando se seria muito difícil para Deus fazer o milagre de deixar a transmissão clara e límpida, mas isso não aconteceu.
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Vou ter que providenciar uma antena melhor do que o fio na janela para sintonizar as ondas celestiais.     
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Vellker
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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

D39 O piloto do prédio

Somente para pessoas arrojadas...

Saiu por esses dias reportagem sobre a construção de prédios com quitinetes de luxo com o inacreditável tamanho de 30 metros quadrados, algumas até maiores, coisa que se as quitinetes antigas tinham e até mais, ao menos tinham um preço decente.
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Pois pela inacreditável quantia de 400 mil reais, o tresloucado comprador será o feliz proprietário dessa pequena cabine chamada de apartamento, com certeza uma visão bem humorada das construtoras.
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Como a venda só se consuma com a construtora geralmente adulando o comprador, os representantes das construtoras se desmancham em elogios aos possíveis compradores, que segundo eles são pessoas arrojadas, refinadas, da elite, que querem o melhor e mais frases do tipo que todo estelionatário usa para deixar sua vítima mansa até fazê-la assinar algum cheque em branco.
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Dizem também que neste apartamento a pessoa tem uma experiência incrível, que não tem em apartamentos maiores, deixando entrever que ter um apartamento maior é coisa nada arrojada e quem sabe coisa de gente nada arrojada também. Sendo assim, somente pessoas arrojadas e refinadas quererão viver em tal aperto, que faria até uma pulga se sentir pouco à vontade, mas o arrojo tem seu preço.
Com as fotos que foram publicadas nos jornais pode-se ter uma ideía do apartamento, que com certeza levará seu morador a ter experiências que num apartamento grande seriam impossíveis. O desenho e espaço das quitinetes foram, segundo os construtores, inspirados em cabines de aviões.
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Segundo os construtores, o espaço sem paredes sugere uma uma requintada e total vivência  do espaço disponível. Sem dúvida. Com a namorada no apartamento e sem a privacidade de poder atender ao telefone sossegado, o sujeito atenderá somente chamadas da mãe dele, da mãe da namorada e todas as outras chamadas serão engano, mesmo que sejam da outra namorada dele. Que experiência e tanto pela falta de paredes.    
Na sala pode-se pular da cadeira para o sofá apenas rebolando um pouco para o lado. E como se pode ver pela foto, outra experiência inédita é a de tentar abrir o jornal na sala ou melhor, micro-sala. E pelo tamanho da cozinha, intui-se outra experiência inesquecível, a de abrir o forno micro-ondas enquanto o armário atrás está aberto.
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Outra vivência marcante neste apartamento é a fidelidade conjugal. Não tem paredes, não tem armários, o banheiro não dá para usar de esconderijo, embaixo da cama não dá para entrar, ou seja, esse apartamento preserva a fidelidade conjugal porque o adúltero ou a adúltera não tem onde se esconder se o cônjuge traído começar a bater na porta aos berros. É fidelidade conjugal garantida por parte do morador. 
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Outras vivências inesquecíveis serão receber visitas no corredor, porque dentro do apartamento é impossível. Deixar os livros na casa dos parentes, roupas na casa da mãe e coisas assim, porque lá dentro só a roupa do corpo e algum livrinho pequeno. Malas ou bolsas nem pensar, o morador só vai usar pochetes. Vivências maravilhosas como dizem as construtoras.
O banheiro é um primor de racionalidade. Atende aos requisitos descritos por um entusiasmado construtor que disse que um dos conceitos das novas quitinetes é o de aproveitar cada centímetro quadrado do espaço. Pelo desenho do banheiro, devem ter pensado em milímetros quadrados ou alguém entregou a planta errada ao pedreiro que construiu o prédio.
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No caso de uma dor de barriga imprevista ou de uma flatulência fora de hora, o morador passará pela experiência inédita de não poder abrir a porta do banheiro enquanto sua namorada termina de arrumar a mesa esperando pelo romântico jantar à luz de velas, no caso de uma vela só, pois é o que cabe numa mesa de meio metro quadrado. Ou, apesar de romântico, apenas um jantar de salgadinhos em pratinhos de plástico descartáveis, porque pelo tamanho da cozinha, vai ser difícil colocar coisa maior do que isso lá dentro. 
E pela ínfima soma de 400 mil reais, o feliz comprador desse espaço amazônico adaptado para o tamanho de um cachorrinho de estimação, será assim levado a sentir experiências de vivência espacial inéditas e só proporcionadas por espaços requintados como banheiros de submarinos, cabines de aviões e por fim, dos vagões do metrô nos horários de pico.
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Que maravilha.
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Vellker
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segunda-feira, 27 de agosto de 2012

D38 A melhor mesmo?

Quem será que disse isso...?
Há poucos dias eu estava vendo uma entrevista na televisão onde uma moça que provavelmente deve trabalhar em algum serviço de assistência social dava uma entrevista falando sobre a melhor idade e o cinegrafista mostrava um salão de baile cheio de mulheres e homens de mais ou menos 80 anos, talvez os mais novos. 
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Com todos dançando como se estivessem engessados ou quebrados e com a artrite visível na maioria, a repórter sorria fechando a matéria toda feliz falando sobre a melhor idade, que sinceramente me pergunto, é essa aí? 
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Eu dúvido, pois só de estar chegando perto dela fico arrepiado ao constatar as mudanças que ocorrem no meu corpo. Nem vou falar das moças lindas que um dia vi na praça aqui perto e que hoje, no mesmo caminho, estão simplesmente irreconhecíveis. Mas parece um costume de todos chamar essa idade de "a melhor idade".
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Artrite, problemas cardíacos, diabetes, juntas, músculos e nervos que não funcionam mais, remédios para todos os lados, bengala no lugar de chaveiro e movimentos tão ágeis quanto os de uma múmia e o que é pior, em certos casos a aparência é a mesma. Para azedar as coisas em definitivo, os que estão nessa idade geralmente tomam sopa, mas não porque gostam, é que os dentes caíram, fora outras coisas que já caem bem antes. E chamam isso de a melhor idade?
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Depois de ter chegado aos 57 anos razoavelmente saudável e mesmo assim ter problemas, especialmente de constatar como a gravidade parece aumentar a força dela na medida em que os meses passam, só posso discordar de darem esse nome a uma idade que fez com que os espanhóis quando da  descoberta das Américas passassem anos enfiados no meio  das selvas  procurando a mítica fonte da juventude que tinham ouvido falar em estórias de índios.
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Se essa idade fosse tão boa assim, quem iria perder tempo procurando essa fonte?  

Estando nessa idade ainda, já me parece que essa tal de melhor idade é a mesma coisa que estar no convés de um navio afundando e com o mar cheio de tubarões, cada um atendendo pelo nome de alguma doença que só chega nessa tão falada melhor idade. Geralmente quem fala está longe dela, como a repórter que fazia a matéria. Se essa idade fosse tão boa, as mulheres não comprariam creme para alisar a pele, mas sim para enrugar.
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Nesse quilômetro da estrada da vida e tendo chegado pelo menos com o consolo de uma saúde que se não é perfeita ao menos aceitável para esses tempos, perto de amigos meus que se arrastam atrás de médicos o tempo todo, fico pensando no que existe depois da curva e imagino uma coisa.

Será que não dá para fazer o caminho inverso? De volta para os anos 80? Ou 70?
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Que situação.
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sexta-feira, 13 de julho de 2012

L13 O milagre gripado

E assim a procissão vai andando...
Por esses dias eu estava vendo uma missa do lado de fora da igreja e foi interessante no momento em que o padre ou diácono, nem sei qual dos dois era, invocava o dom das línguas e começava no maior fervor a falar o linguajar incompreensível que os fiéis católicos e evangélicos dizem ser a língua do Espírito Santo. Enquanto isso os fiéis também começavam a dar gritos e pulos com os braços levantados. Passado o momento mais frenético de tudo, o pregador ainda com a voz alterada, começou a falar em curas, milagres, libertações e tudo mais.
Fui acompanhando a pregação e o pregador não deixou de citar pessoas que ficaram curadas da AIDS, paralíticos que voltaram a andar e coisas do tipo, que é claro, são verdadeiros milagres concedidos a pessoas das quais nunca sabemos o nome e que nunca aparecem para dizer que ficaram curadas. Também nunca moram na cidade de ninguém que as conheça. Mas a crença dos fiéis é inabalável. Na verdade, se formos olhar bem de perto, essa crença não é tão inabalável quanto querem fazer crer. 
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Um pequena notícia no jornal Folha de São Paulo neste dia 13 de julho de 2012, justo uma sexta-feira confirma que os fiéis acreditam sim na proteção divina, no ditado que diz para não se preocuparem com nada que "Deus proverá",  que Deus os protegerá de qualquer perigo e coisas do tipo, mas  por via das dúvidas é bom tomar o remédio, consultar o médico e colocar o cinto de segurança e coisinhas assim. Lógico que aí os fiéis não querem reconhecer, mas nessas horas a crença já está mais para conto do vigário do que qualquer outra coisa.
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Vejamos alguns pequenos detalhes que deixam a fé meio de lado na hora do vamos ver.   
Deus protege os fiéis dizem os padres, que afirmam que sobre qualquer dúvida eles podem contar com a proteção divina. Mas justo na igreja, na chamada casa de Deus, parece que esse ditado não é levado muito a sério. Ou como diz a manchete do jornal, exatamente por medo da gripe A, missas foram suspensas no Rio Grande do Sul. Mas e a proteção divina? O padre não é um dos representantes de Deus na Terra? Nessas horas os fiéis se entreolham sem saber o que fazer. A missa onde os fiéis se abraçam, se beijam e tudo mais está suspensa porque é exatamente o abraço e o beijo de um cristão que podem fazer algum outro ir para o cemitério.
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Quanto ao padre com sua milagrosa imposição das mãos, é exatamente com isso que ele pode enfiar um fiel no hospital quando não no caixão.

A mais desconcertante constatação de que nem mesmo o mais alto sacerdote católico acredita nisso vem do próprio Papa, que diz a seus fiéis no mundo todo que Deus os protegerá, que todos estão sob a proteção divina, que a proteção divina nunca falha e por aí vai.
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Mas o próprio Papa prefere andar num carro com vidros blindados, à prova de atentados. De todos os grandes dignitários religiosos do mundo, o maior sacerdote dos católicos e que alguns acreditam até que seja capaz de milagres, é o único não dispensa o carro blindado e anda sempre dentro dele. É assim o primeiro a mostrar que não acredita no que prega.
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Alguns fiéis ainda dizem que isso é para proteção do Papa, para prevenir, afinal nos dias de hoje, com esses atentados e terroristas a solta, nunca se sabe. Mas ora essa, se o Papa é o representante de Cristo na Terra, o filho mais querido de Deus por essas bandas, não deveria ele então abandonar tudo nas mãos de Deus e andar de braços abertos no meio do seu povo, acontecesse o que acontecesse, que seria de qualquer forma a vontade de Deus?
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Mas o Papa não pensa assim e prefere a segurança do seu papamóvel, que o deixa a salvo de qualquer eventual martírio que poderia sofrer nas mãos de algum desatinado, mas que seria a vontade divina. Mesmo assim o Papa prefere que histórias de martírio fiquem só na biografia de Jesus, de Pedro, de Paulo e outros que tiveram uma morte trágica na senda do cristianismo.   
O Papa acredita que Deus tudo proverá e que Deus a todos protege, mas prefere não arriscar.
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Não é de admirar que os bancos das igrejas católicas estejam se esvaziando e não é por medo da gripe A.
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sexta-feira, 6 de julho de 2012

D37 Mais infiltrados

É a única explicação...
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Continua a ação dos infiltrados nas emissoras de televisão, provocando estragos na audiência  e críticas tão negativas que a criação e produção de certos programas só podem obra de agentes infiltrados por alguma emissora concorrente.
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Já tem mais de uma semana que vai ao ar o programa de Fátima Bernardes na rede Globo, que ao que tudo indica deve ter sido criado como uma espécie de prêmio de consolação pelo fato de a jornalista ter deixado a bancada do Jornal Nacional. Parecendo mais uma reunião de amigas para um chá beneficente, o programa tem despertado antipatia e apatia a tal ponto que os internautas em comentários o chamaram de Encontro com Chátima Bernardes.   
Nesta semana estreou o programa Na Moral, também na rede Globo, apresentado por Pedro Bial. Parece igualmente outro programa criado como prêmio de consolação, já que o apresentador do Big Brother só aparece a cada edição do chamado reality show.
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É um programa de perguntas e respostas ou melhor tentativa de respostas, já que o apresentador fala mais do que locutor de futebol e não deixa o entrevistado responder a pergunta. Também caiu no desagrado dos telespectadores logo na primeira edição.  
Enquanto isso o SBT está em festa. Com a estréia da novela Carrossel, remake da novela mexicana exibida em 1990, o SBT festeja a vice-liderança folgada. Gastando muito pouco dinheiro com seus seriados e desenhos baratos como Chaves, Chapolin e outros do tipo, o SBT vê seus concorrentes amargando baixa audiência em seus programas e o que é pior, gastando muito dinheiro para resultados tão desanimadores. 
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Enquanto isso, a rede Record, depois dos erros cometidos em jornalismo, teledramaturgia e programação em geral e já disputando a penúltima colocação com a TV Cultura, já que a Rede TV não conta, tratou de empurrar sua finada novela Máscaras para o horário da meia-noite, para que o vexame da audiência quase zero seja menor. Como ela é controlada por bispos fiéis ao bispo chefe Edir Macedo, que não admite contestações, a tragicomédia de erros na absurda troca de horários e na inserção de seriados no horário de outros programas anunciados, continua sem alterações.
Continua válida a idéia de diretores de programação infiltrados, tal qual no filme Os Infiltrados, em que um chefe do crime tinha um policial infiltrado em sua quadrilha, ao mesmo tempo em que tinha conseguido infiltrar um dentro da polícia.
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Fica simplesmente impossível de entender como diretores de programação em emissoras que movimentam milhões de reais em faturamento cometam tais erros sem apelar para a idéia de um misterioso chefe de algum canal de televisão, que escondido nas sombras esteja conseguindo tudo isso com seus agentes infiltrado para derrubar a audiência dos concorrentes.
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Pelo jeito, ele conseguiu, tal qual no filme. Ou então estamos assistindo o fim dos canais abertos.   
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quinta-feira, 28 de junho de 2012

D36 Os infiltrados

Só sendo agente secreto da concorrência...
Prossegue na rede Record uma espécie de novela à parte, que acontece dentro da alta direção da emissora e de trama das menos agradáveis. É simplesmente novelesco o enredo do que ocorre com as mais recentes decisões dos administradores dessa emissora de televisão, que se há algum tempo atrás chegou a provocar perdas visíveis na rede Globo, por hoje se debate numa crise criada justamente por quem deveria elevar a emissora a níveis não alcançados por nenhuma outra estação competidora da rede Globo. -
A "concorrência" é como ordenam os administradores da rede Record que seja chamada sua grande rival, a rede Globo, que hoje com certeza dá risadas dos tropeços que os membros da direção da Record provocaram para si mesmos, para a emissora e para todo um contingente de técnicos, atores, roteiristas e diretores da programação em geral, que se fossem bem aproveitados teriam criado uma nova opção me televisão no Brasil.  

Segundo os comentaristas de jornais e portais da Internet, a rede Record é obrigada a obedecer todas as decisões de seus chefes, oriundos todos da Igreja Universal do Reino de Deus, de onde dá as ordens o chefe deles, o conhecido e auto-intitulado bispo Edir Macedo. Seja lá de quem venha as últimas ordens, não se consegue entender que erros tão primários tenham sido cometidos, deixando sua audiência além de aborrecida, desorientada e sentindo-se no mínimo como a parte menos importante de tudo. O resultado é o que se tem visto, a audiência cai dia a dia e a emissora que chegou a alternar primeiro e segundo lugar com a rede Globo durante mais de um ano, hoje se vê brigando pelo penúltimo lugar com a TV Cultura. -

Nenhuma emissora pode se dar ao luxo de perder uma atriz do porte de uma Bianca Rinaldi, que alicerçou a refilmagem da novela da Globo "Escrava Isaura" com tamanha competência que boa parte da audiência da sua "concorrência" migrou para a rede Record. Aliás, no geral, atores, atrizes, roteiristas e o pessoal da televisão em geral trabalharam tão bem que a rede Record como num passe de mágica tornou-se conhecida no Brasil inteiro. Não é pouco para uma emissora que anbtes só atingia os limites da cidade de São Paulo. 
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Porém, após conseguirem uma posição confortável na teledramaturgia, no jornalismo e nos programas em geral, os bispos chefes da emissora desandaram a encenar uma comédia de erros tão gritantes que não se sabe se são intencionais ou se resultam de uma visão tão obtusa da programação televisiva e ao mesmo tempo desconsideram tanto o telespectador que o resultado só poderia ser essa queda continua de audiência.
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A tal ponto que os ufanísticos comerciais da emissora cantando o refrão "a caminho da liderança" já foram discretamente tirados do ar. 
Existe um filme chamado "Os Infiltrados" onde um chefe do crime sem saber, tem dentro de sua organização um policial infiltrado. Ao mesmo tempo esse chefe tem dentro da polícia, que tudo ignora, um agente seu também infiltrado e a trama roda de forma eletrizante em torno disso.
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Hoje as sequências de erros primários cometidos pelos bispos administradores da rede Record são de tal forma tão inacreditáveis que depois de ver um filme como esse, qualquer telespectador fica pensando se esses bispos, longe de serem bispos em suas igrejas e administradores realmente devotados aos crescimento e contínuo fortalecimento de sua emissora, não seriam na verdade, agentes infiltrados da "concorrência".
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Com o espetáculo absurdo de erros cometidos praticamente todo dia, é a única conclusão a que se consegue chegar. 
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quinta-feira, 31 de maio de 2012

L12 Grandes expectativas

Grandes expectativas, mas na prática...
Depois de consertar o pequeno rádio que me fala sem parar das coisas da vida, estava eu de novo ouvindo os pregadores da rádio católica Canção Nova. Confesso que é divertido o que se ouve em certas pregações. Em certos momentos os carismáticos destilam seu ódio pelos padres reformistas ou marxistas, os antigos padres da Teologia da Libertação da década de 80, o que é compreensível. Depois do caso do Frei Leonardo Boff, que terminou condenado ao silêncio por ninguém menos do que Joseph Ratzinger, hoje papa Bento XVI e na época chefe da Congregação para a Doutrina da Fé, vertente da igreja que defende a ortodoxia e atraso religioso e social. A Teologia, apesar de ser mais encenação do que verdade irritou o alto clero da Igreja que queria tudo, menos entrar em choque com os grandes latifundiários e os piores e mais atrasados chefes políticos sul-americanos, que sempre lhes garantiram grandes riquezas e leis favoráveis, enquanto que os padres, em contrapartida tratavam de disseminar a ignorância e o conformismo entre os pobres.
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E justo nessa noite estava um pregador a contar que tinha uma reza milagrosa e coisas do tipo. Que uma mulher grávida, que já estava segundo os médicos, com o feto morto no útero e até já em decomposiçào, inconformada pegou um avião até Londres onde estava o pregador, que rezou sobre uma foto da família dessa mulher e milagre dos milagres, o feto voltou à vida, se recompôs dentro do útero e nasceu com perfeita saúde. Custa crer que esse pregador, capaz de ressuscitar até um feto em decomposição não saia pelos hospitais brasileiros curando todos os doentes que agonizam na porta deles, enquanto que a campanha que seus chefes bispos levam aos ares é precisamente sobre a saúde do brasileiro. Isso ele deixa para o Espírito Santo.
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Um pouco antes, um outro pregador falava dos momentos em que orava a Deus pedindo a ele que o usasse para curar aleijados, ressucitar pessoas e fazer grandes milagres. E logo após contar essa estória, desatou a abençoar as pessoas dizendo que quem estivesse com dor nas costas, dor nos braços, dor nas pernas e outras dores conhecidas dos farmacêuticos, agora em nome de Jesus estava curado. Mas sobre ressuscitar alguém, não disse nada. 
Todos nós temos grandes expectativas na vida, sem dúvida, mas convenhamos que de colocar-se no rol dos ungidos para ressuscitar pessoas e terminar curando dores do lombo, do pescoço e das pernas, é no mínimo decepcionante. É como encontrar uma pedra dourada que se acredita ser ouro e depois descobrir que apenas foi pintada de dourado com tinta barata.
E depois de certo tempo, entrou um pregador desses que fala a língua do Espírito santo, o que eles dizem ser o dom de línguas. Notei que houve um progresso na língua que o Espírito Santo fala aos seus fiéis. Quem ouvir essas pregações, ouvirá o Espírito santo dizendo o seguinte e interminável refrão "Ala-bala-ba-ala-re-a-la-lá" com algumas variações, mas que lembra muito as músicas da Xuxa, com seu conhecido "ila-ri-ê" que foi sucesso entre os baixinhos na década de 90. Pois nessa noite o Espírito Santo decidiu talvez deixar o sotaque do pregador mudar seu jeito de falar. Ouvi o pregador a falar, ou melhor, como dizem o Espírito Santo falando desta vez da seguinte forma "Ô-cho-ro-chô-cho-rô-mo-le-le" e por aí foi um bom tempo.
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Sempre me pergunto porque o Espírito Santo, que segundo os crentes é o próprio Deus tem a pachorra de descer até a Terra e falar para seus filhos nessa linguagem incompreensível, ao invés de por exemplo, de forma beatífica e enternecedora repetir um sermão que tocasse todos os corações em palavras claras e plenamente compreensíveis. Mas os fiéis tem uma explicação quando questionados sobre isso. Dizem que isso é o dom das línguas e não importa que ninguém entenda nada. Nas reuniões dos fiéis, depois de ouvirem esse chororô todo, eles sabem exatamente o que devem fazer, pois isso lhes foi revelado através dessas contorsões verbais, consideradas revelações divinas, se bem que nem o Papa seja capaz de entender nada do que foi dito.    
E assim continuam as pregações, que confesso, são interessantes de se ouvir. Grandes expectativas, mas na pratica, nem tanto. Apenas contorsões e malabarismos verbais e milagres relatados de pessoas com todo tipo de doenças curadas, mas dentro de hospitais, nunca ao vivo no palco onde estão os pregadores. São coisas da vida. E das grandes expectativas.
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quinta-feira, 17 de maio de 2012

R51 O tempo não para

Como na música...
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Saiu hoje a notícia da morte de uma cantora americana. Lamentei a morte e lembrando dela comecei a recordar muita coisa do passado. Uma delas é como vamos aprendendo a ver que, como dizia uma canção, o tempo não para.   
Leva tempo para ver isso e uma das coisas que vemos é como o tempo não poupa ninguém. Homens e mulheres veem o dito cujo passar implacável e levar com ele muita coisa nossa.
Ao longo dos anos começamos a notar no espelho que de forma incômoda começam a cair os cabelos. Nem todo mundo passa por isso, só a maioria do homens. Alguns amigos meus mais precavidos e para poupar tempo talvez, já trataram de perder os cabelos pouquinho depois dos 20 anos. Eu pelo menos ainda uso o pente.
Com o tempo avançando, outras coisas começam a cair. A parte de baixo do queixo, a barriga que teima em sair por baixo da camisa e olhamos as fotos de 30 anos atrás e nem acreditamos que tínhamos aquela barriga retinha. O pior é que outras coisas que deveriam ficar em pé começam a cair também nos momentos mais inesperados.
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Vemos aquela moça linda que era nossa paixão secreta também de 30 anos atrás e que íamos olhar na praça a noite. E hoje olhamos para ela e não acreditamos no que vemos. Como ela conseguiu ficar desse tamanho?
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Ficamos mais virtuosos como dizia um escritor mas não porque ficamos bonzinhos. É que trocamos a leitura dos rótulos das garrafas de cerveja nas noitadas pela leitura das bulas de remédios antes de dormir. 
E depois começamos a ver aqueles fantásticos artistas de cinema de filmes maravilhosos que assistimos e que foram demais em peripécias, começamos a ver cantores maravilhosos que embalaram nossas mais quentes e divertidas noites e onde vemos todos eles? 
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No noticiário que mostra nossos queridos artistas  sendo levados para o cemitério depois do velório onde foram lembrados pelos grandes filmes e pelas grandes músicas. Nós na platéia começamos a sentir que não estamos muito longe de vê-los novamente, só que não vai ser nesse mundo.
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E a vida prossegue com essas constatações. Saímos na rua e crianças muito sensíveis para o drama nos chamam de "tio". Apenas para não dizerem "ô vô, que horas são".
Por falar nisso, aquele cantor que cantava a música que dizia que o tempo não para, não sei se sabem, já morreu também. É, o tempo não para.
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Ô tempo cruel.
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sábado, 5 de maio de 2012

L11 O milagre que faltou

Só uma gota...
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Com o radinho de pilha ligado outra noite enquanto apertava uns parafusos numa peça, fui ouvindo como sempre a pregação de um padre que já tinha ouvido na rádio católica Canção Nova. O que sempre notei em suas pregações foi o tom de um pregador que apesar do verniz de modernidade, trazia intolerância contra os não crentes de sua fé. Contra os ateus como eu, desprezo, mas é parte da sua pregação durante os programas e sem maiores alardes porque hoje o politicamente correto abusa da sua existência, já meio desgastada.  

Como sempre falou o pregador, Ave Maria, Jesus, incontáveis santos e o próprio Deus traziam para os fiéis a cura de qualquer doença, libertação de problemas de todo tipo e tantas benesses que impressionam qualquer um, se bem que o estilo de pregação dos carismáticos católicos foi tomado de empréstimo dos pregadores evangélicos.   

Sendo uma característica universal do ser humano racionalizar a existência de um mundo espiritual futuro onde as misérias de sua vida atual serão transformadas em compensações e os bons estarão num paraíso e os maus estarão no que idealizam como inferno, óbvio que os pregadores falam nas rádios tanto católicas quanto evangélicas de curas e prodígios que ficam, claro, eternamente sem comprovação. Nessa noite o pregador aludia aos milagres de santos católicos, da Ave Maria pelo mundo, dos milagres em santuários católicos, falava da visita do papa João Paulo ll no Brasil e continuava sua pregação dizendo que na frente do papa aqui no Brasil ficaram os leprosos, os paralíticos em cadeiras de rodas e coisas assim. Para o ouvinte atento surgia aí um hiato interessante. Em nenhum momento ele falou que o papa curou esses doentes. Mas continuou a pregação e a platéia aplaudiu. 
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Foi aí que notei que certas datas e a forma que ele falava só podiam ser de uma gravação. Falava de coisas passadas, anos passados como se fosse no ano passado. Eram então gravações todas as vezes em que o ouvi. Fiquei surpreso de não ter percebido antes. Depois, com a exortação dele de curas, milagres e veneração a todos os santos, entrou outro locutor dizendo que os ouvintes tinham acompanhado a pregação do tão falado padre Léo. Ora, aí é que fui entender. E aí também que pude ver mais uma vez a extensão da tragédia que se abate sobre os crentes em geral, quando são atingidos pelas dores que afligem qualquer pessoa. E abandonados pelos seus santos.
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Doutrinados por seus padres e pastores, os fiéis acreditam de todas as formas nos milagres e curas, que claro, são sempre sem comprovação. Falam apenas, contam nebulosas estórias de uma época que ninguém viveu, milagres em que nomes não existem e de curas milagrosas em algum lugar remoto. Pior ainda, os milagres reportados por esses pregadores com testemunhas vivas e presentes no palco, invariavelmente trazem a sina de terem ocorrido dentro de um hospital ou enquanto o fiel milagrosamente curado recebia tratamento médico ou era operado. Não há um único relato de um fiel sem pernas perdidas num desastre que depois de orar tivesse tido a graça de acordar com elas refeitas novamente. Ou de um cego sem olhos, perdidos em algum acidente que tenha subitamente passado a ver com olhos novos, fazendo com que todos a seu redor caíssem de joelhos e convertidos. Nada semelhante.  Eu mesmo se visse um milagre desses me converteria.              
Enquanto rememorava a pregação sobre curas e milagres do padre Léo me lembrei do papa João Paulo ll, cuja doença e agonia foi vista por milhões de pessoas no planeta, mostradas pela televisão, inclusive o dramático momento em que atingido pela doença contorceu-se de dor na frente dos seus fiéis no Vaticano em Roma. Durante a sua doença, ao invés de ir em seus santuários católicos de onde se contam milagres e mais milagres, o papa foi para as melhores clínicas de Roma. Mas se as curas em Lourdes, em Medjugorge são tantas, porque não ir num lugar desses, orar e esperar pela graça divina? 
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Que efeito não teria um papa surgindo curado e refeito de sua doença pelas mãos do Espírito Santo, de Jesus, de Deus, da Ave Maria tão venerada ou de qualquer outro santo que fosse? Milhões de pessoas cairiam de joelhos, religiões inteiras do mundo mudariam para o catolicismo, mas nada. O papa seguiu seu calvário sem cura. E no momento final, não o vimos milagrosamente elevado aos céus, iluminado pela luz divina, com o que proclamaria o poder do seu deus e sua vitória contra a morte carnal. Morreu mesmo, como qualquer mortal ou qualquer descrente.
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O que não deixa de doer na consciência dos fiéis e que eles não admitem para ninguém e ficam tentando espantar esse pensamento de si mesmos, é a relembrança dos momentos em que seus pregadores sempre culpam os próprios fiéis por não terem sido abençoados com uma graça. Se a cura não veio é porque o fiel não teve fé. Se a graça não foi alcançada é porque o irmão não deixou Deus chegar até ele. E por aí vão os pregadores no momento em que tudo está bem, até que sejam eles também atingidos pelo mesmo mal que contemplam.
Me lembrei então que o pregador, o padre Léo passou mal e foi diagnosticado com câncer pouco tempo depois. Imagino a cruzada de orações que deve ter sido de novo a sina dos fiéis, orando pela intercessão da Ave Maria em favor do seu pregador, que anunciando cura atrás de cura nos seus programas se via agora abatido com essa doença. E nenhuma resposta veio dos santos. Apenas o trabalho dos médicos teve algum resultado. Nenhum santuário foi procurado pelo padre, nenhum milagre aconteceu afinal. 
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A doença seguiu seu curso e no final ele ainda pôde rezar uma missa bem debilitado e depois disso a morte cobrou seu preço. De novo a decepção silenciosa dos fiéis, que não admitem uns para os outros, nem para si mesmos que seu pregador tão próximo de Deus, de Jesus, da Ave Maria e testemunha de tantas curas e milagres foi no momento mais decisivo abandonado pelos seus santos. É a triste verdade que emerge desses fatos.   
Muitas vezes penso nesses acontecimentos. A esse Deus tão poderoso que abriu o Mar Vermelho para seu povo eleito passar, um milagre como esse teria sido uma coisa tão simples. Para Jesus também. E para a Ave Maria, teria sido por um simples dela olhar sobre seu sacerdote desvalido que ele estaria curado.
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No entanto, todas essas divindades, toda essa constelação de santos, com todo esse poder de curas e milagres, não deram desse imenso poder uma gota que fosse para salvar um dos seus mais ardorosos pregadores.
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Em certos momentos a crença é mais dura do que a descrença.
Vellker
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sexta-feira, 13 de abril de 2012

L10 Sem gordura e sem espíritos

Sem espíritos trans...
A grande inspiração dos espíritas, um gravador da década de 70, que permitia ouvir espíritos que só eles ouviam
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Por estes dias fazendo compras no supermercado, estava lendo as informações sobre um pacote de conservas e lá estava bem legível a informação "Sem gorduras trans", palavras que agora só faltam aparecer carimbadas em cima de salgadinhos vendidos na lanchonete da esquina. Ao mesmo tempo uma menina também pegava bolachas enquanto ouvia música num aparelho tipo digital. Ora, pela palavra "trans" me veio na lembrança a comunicação que ficou famosa nas décadas de 70 e 80, mais ou menos por aí, quando alguns espíritas e outros adeptos da comunicação com os espíritos lançaram a moda da transcomunicação.
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Consistia no fato alegado por seus defensores de que espíritos aproveitavam os meios de comunicação da época, como gravadores, rádios, vitrolas e televisores para nos mandar mensagens do mundo espiritual. Ficaram comuns relatos de supostos médiuns que diziam ouvir a comunicação dos espíritos através de um gravador, onde tocavam uma fita magnética sem nenhuma gravação e dos chiados e roncos bem baixos que aquilo produzia, conseguiam distinguir palavras audíveis, mas somente para eles é claro. Milhões de pessoas impressionadas com isso tentaram a comunicação com os espíritos, até eu, mas tudo o que eu ouvia era só isso, estática, roncos e chiados do aparelho, talvez porque já estivesse ficando descrente de certas coisas.
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Porque os espíritos nunca aproveitaram para usar os antigos meios de comunicação como telégrafos, rádios de ondas curtas ou mesmo o telefone, os médiuns espíritas nunca explicaram. Talvez porque no telégrafo, o telegrafista já estivesse usando, o rádio de ondas curtas era muito caro, só para radioamadores muito bons e o telefone talvez porque só existisse na casa de uns dois ou três sortudos no quarteirão todo.

Vitrola também da década de 70. A máquina que permitia aos padres católicos mostrarem cantores de rock falando do Diabo ao simplesmente rodarem os discos ao contrário
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Vitrolas também emitiriam palavras de transcomunicação dos espíritos, mas como os discos de vinil só tinham alguns segundos entre o começo das músicas e o fim delas, essa modalidade deve ter sido descartada pelos espíritos. Mas para padres católicos foi de grande valia. Reunindo jovens em aulas de catecismo, os padres provavam que os grandes ídolos do rock pesado tinham vendido a alma para o Diabo e provavam isso começando a tocar algum disco com essas músicas e em certo trecho simplesmente colocavam a mão em cima do disco e o rodavam ao contrário. Quando todos ouviam os sons distorcidos que isso provoca, os padres diziam que aqueles guinchos e vozes ao contrário eram as juras de fidelidade dos cantores ao Diabo. Era só prestarem atenção e perceberiam. Arrepiados, os adolescentes das aulas de catecismo católico, saíam dalí dizendo para todos que tinham ouvido em alto e bom som a voz dos cantores de rock vendendo sua alma, enquanto os padres esfregavam as mãos de alegria.
Depois do filme Poltergeist, os espíritas progrediram para a televisão e alguns médiuns mostravam espíritos em televisores nas imagens de chuvisco
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Depois do filme de Steven Spielberg de 1988, "Poltergeist", os adeptos da transcomunicação também passaram a ver espíritos ou rostos dos espíritos de pessoas falecidas simplesmente olhando durante muito tempo para televisores fora de sintonia, que apresentam a imagem de chuvisco, conhecida de todos. É mais ou menos como olhar para nuvens e ver as formas que a pessoa quiser. Olhando sem cessar para a tela com chuviscos, a pessoa, já com a vista consada e meio ofuscada e impressionada consegue ver os rostos de pessoas que conheceu e que já morreram. Infelizmente os espíritos nunca aproveitaram o aparelho para aparecerem numa imagem nítida e incontestável e ainda por cima com som, apenas apareciam muito bem para os médiuns ou crentes entusiastas da transcomunicação.
Um aparelho digital de MP3 dos anos 2000. Porquê será que os espíritos pararam de falar por aqui?
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Por tudo isso é interessante notar que no tempo dos aparelhos analógicos, sujeitos a todo tipo de interferência de áudio e vídeo, os espíritos apareciam em fugazes segundos, quando alguém apontava para a tela e via este ou aquele defunto ou então quando ouvia algum parente ou conhecido já falecido mandando uma saudação também fugaz do outro mundo, depois de quase uma hora escutando estática e chiados de uma fita magnética sem nenhuma gravação rodando no gravador ou do mesmo tempo passado olhando os chuviscos no aparelho de televisão.
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Já nos tempos de hoje, quando temos aparelhos do MP3 até o 7, televisores de alta definição, televisores a cabo com som e imagem de uma perfeição enorme, canais de filmes via satélite também de ótima definição de som e imagem, com tudo isso, de forma interessante os espíritos pararam de falar e de aparecer. Justo agora que os meios para a transcomunicação tornaram-se aperfeiçoados ao extremo, parece que tal perfeição aborreceu os espíritos. Ao que tudo indica eles não gostam de aparecer em imagens de alta definição. Como esses aparelhos não tem chuvisco, mas só a tela azul, os espíritos contrariados decidiram não aparecer mais. Também nos modernos aparelhos de áudio digital que permitiriam aos espíritos falarem com toda clareza, eles não dão sinal de vida. Nem uma palavra que seja, eles gostavam mesmo é dos chiados e roncos nos gravadores. Quanto aos ídolos de rock que venderam a alma ao Diabo e provavelmente continuam fazendo isso, os padres não tem mais como provar isso, já que quando colocam algum CD ou DVD para tocar, não podem usar do recurso de colocar a mão no disco e rodá-lo ao contrário. Que situação.
Na tela dos computadores de hoje, não poderiam os espíritos mostrarem então incontáveis telas do mundo espiritual com a perfeição do som e imagens digitais? Que nada! Sumiram
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E que meio mais rico de comunicação, a tela do computador, que os espíritos que agiam sobre gravadores e televisores poderiam usar, mas agora não usam. Poderiam agir sobre o computador, provocando um travamento e a tela azul apareceria justo com as mensagens dos espíritos, mas talvez porque a Microsoft resolveu grande parte dos problemas do Windows que levavam à famosa tela azul, eles não conseguem fazer isso e não nos mandam uma mensagenzinha que seja. Assim, já nos anos 90, a transcomunicação tornou-se ela própria uma defunta, já que ninguém mais falava nela. Uma pena.
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Talvez isso tenha acontecido porque os espíritos antigos sabiam usar o gravador, a vitrola e o aparelho de televisão analógico. Mas como morreram antes dos modernos aparelhos digitais, não sabendo usá-los, ficam sem conseguir a famosa transcomunicação. Só pode ser isso. O problema é que morre gente todos os dias que não só sabe usar esses aparelhos, como até os inventou.
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Isso nenhum médium consegue explicar. Mas que foi divertido enquanto durou foi.
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Vellker
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sábado, 7 de abril de 2012

R50 Distância

Enquanto a procura existe...
Há momentos na vida em que você está distante de quem você ama. Mas tem sempre no coração esse sentimento de procura, de lembrança.
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Apesar da distância, enquanto esse sentimento existir, mesmo longe, você vai estar mais perto do que parece. -
Vellker
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