terça-feira, 16 de junho de 2009

R12 A felicidade é uma fuga

Uma estrada suave...

Descobri nesses dias com a mulher que amo que a felicidade é uma fuga. Só se é feliz fugindo. Ou melhor dizendo, só somos felizes quando fugimos. E como fazemos isso? Fugimos um para o outro, para longe das dores da vida. Foi assim que percebi isso. Dói-me a alma? Eu a tenho em meu pensamento. Chego perto dela com essas dores e peço seu carinho e sou feliz alí. Somos felizes. Essa sensação me vem quando olho para seu rosto e vejo seus olhinhos brilhantes, ouço sua voz animada, sinto seu toque suave. Percebo que ela também está feliz.
Decidimos tomar um bom vinho nesse frio. Nem caro precisava ser. Uma coisa simples e boa. Um pouco de vinho em cada taça, ela me desejando tudo de bom na vida, eu a ela também, batemos as taças de leve e sorvemos o vinho. É um momento em que sinto o tempo parar alí na mesa com ela, numa refeição com esse vinho. Seus olhinhos sempre brilhantes, contando todos os casos da vida, as esperanças que acalentamos, sua voz sempre baixa e meiga e seu riso alegre e solto em certos momentos.
Depois, no cair da noite, mais uma fuga ou caminhar, posso dizer assim. O banho rápido enquanto rimos e trememos de frio enquanto nos enxugamos e nos vestimos rapidamente, depois o aconchego no quarto enquanto ainda falamos do frio que cobre a cidade, olhamos o termômetro admirados, os calafrios quando nos deitamos e sentimos as cobertas ainda frias. Um instante e a cama já está aquecida com nossos corpos. Mesmo com o frio, fugimos. Eu fujo para seu corpo, ela foge para o meu corpo. Fugimos e nos encontramos assim, corpo a corpo, pele a pele, o frio esquecido. Beijos, abraços, amor. Uma fuga perfeita.
No dia seguinte, mesmo perto de ficarmos longe, sei que continuaremos fugindo juntos. Mãos que se tocam na chegada, mãos que se despedem na ida, mas sempre mãos dadas. Essa distância não vai durar tanto. Apenas o tempo de lutar contra os problemas da vida, coisas que todo mundo tem. Alguns sozinhos. Eu, depois de um bom tempo sozinho, agora feliz com a companhia dessa mulher que me ama e que eu amo. Que existe em meus pensamentos o tempo todo e que me revive quando está pertinho, juntinho de mim. Volto para casa e olho as taças de vinho, onde ela deixou sua marca de batom, olho para o espelho, onde pedi que ela deixasse a marca de seus lábios e sei que estou preso de uma forma suave e desejada em seu amor.
Penso nas coisas que já vivemos, nas dores e amores em seqüência e tudo me parece uma longa estrada. Um vez já vivi sozinho e gostava de viver só. Hoje já não sei mais viver assim. Olho novamente para essa estrada do sentimento. É uma estrada de fuga. Fuga para ser feliz. Sinto como se para alcançar a felicidade, devesse caminhar com ela sempre nessa fuga. Nós dois fugimos assim para sermos felizes um com o outro. Uma longa estrada, um calor suave, um céu claro, de um azul lindo. É uma doce fuga. Sinto mesmo que parece melhor sempre fugir em busca da felicidade, pois no caminhar nessa estrada é que somos felizes. A felicidade está nesse caminho que fazemos juntos, nessa estrada, que desejo que seja muito longa.

Sozinho, eu não teria mais motivos para caminhar.