domingo, 31 de janeiro de 2010

R21 O rio segue para o mar

É assim...

Depois de procurar por um diamante perdido nas margens do rio da vida, descobri enquanto caminhava na sua margem, que apesar das dores, sua beleza é tão grande quanto a do diamante.

O reflexo do sol nas águas, o ruído dos trechos mais turbulentos, a placidez das partes calmas e sua transparência. Mesmo a solidão da pequena estrada que o ladeia, o verde da floresta ao longe, tudo isso faz, afinal, que quem caminha nessa procura enxergue a beleza desse cenário.

Assim, enquanto caminho, me perguntando quando a estrada me afastará de vez desse rio, tornando o diamante apenas uma lembrança, procuro me acalmar com a beleza da paisagem.

Seguimos a estrada junto do rio da vida dessa forma. Tal como o rio, apenas podemos seguir em direção ao mar, destino final. Não podemos voltar para a nascente.

Não fazemos esse caminho na vida. Apenas seguimos a estrada onde a vida nos colocou.

Até o mar, final da caminhada, junto ou não do rio.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

R20 A ponte e o rio

Caminhos... Um dia a vida me colocou na margem de um rio. Paisagem inesquecível, um rio bonito, margens rochosas, uma correnteza suave mas firme. Admirei aquela beleza até que notei um ponto brilhante bem onde a água batia na rocha. Era um diamante, uma das pedras mais bonitas que já vira em toda minha vida. Olhei aquela pedra de rara beleza e brilho fascinante.
Por vezes uma pedra assim exerce com a sua beleza um fascínio que paralisa quem a observa. Errei aí. Devia tê-la guardado para sempre comigo. As ondas do rio eram como as emoções da vida, ora marcantes, ora violentas. E na batida de uma dessas ondas vi aquela brilhante pedra ir-se rio abaixo. Naquele instante perdi aquela beleza.
Como ir atrás de tal beleza agora? Olhei a ponte, que me pareceu ao mesmo tempo plena de caminhos, mas incertos. Que visão teria do rio lá de cima? Olhei a correnteza e pensei que talvez seguindo rio abaixo, quem sabe se eu não acharia essa pedra preciosa novamente? Mas parece difícil, só um sonho.
E ao mesmo tempo pude perceber a graça da paisagem, a correnteza suave do rio, o som das ondas, toda a beleza do cenário em si que me deixou perplexo. Havia uma outra beleza que eu não havia notado. Havia também a dor da perda e ao mesmo tempo o desejo da procura do que eu sinto perdido. E nessa correnteza de emoções, até mesmo o pensamento de me deixar levar pelas ondas surgiu com uma beleza toda própria.

Olho para o rio e para a ponte e não sei que caminho tomar.

E ao mesmo tempo tenho os olhos úmidos. Coisas da vida.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

R19 O coração partido

Foi o que eu li...

Hoje deixei cair um prato no chão. A louça se fez em pedaços. Uma pena. Recolhi os cacos, inútil tentar consertar. Ainda se tivesse conserto uma coisa assim, seria bom.
Ao pegá-los me lembrei de meu coração, partido assim por esses dias. Uma vez li que as lágrimas colam um coração partido. Mas acho que comigo não deu certo.
Uma pena. Coisas da vida.