sexta-feira, 13 de abril de 2012

L10 Sem gordura e sem espíritos

Sem espíritos trans...
A grande inspiração dos espíritas, um gravador da década de 70, que permitia ouvir espíritos que só eles ouviam
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Por estes dias fazendo compras no supermercado, estava lendo as informações sobre um pacote de conservas e lá estava bem legível a informação "Sem gorduras trans", palavras que agora só faltam aparecer carimbadas em cima de salgadinhos vendidos na lanchonete da esquina. Ao mesmo tempo uma menina também pegava bolachas enquanto ouvia música num aparelho tipo digital. Ora, pela palavra "trans" me veio na lembrança a comunicação que ficou famosa nas décadas de 70 e 80, mais ou menos por aí, quando alguns espíritas e outros adeptos da comunicação com os espíritos lançaram a moda da transcomunicação.
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Consistia no fato alegado por seus defensores de que espíritos aproveitavam os meios de comunicação da época, como gravadores, rádios, vitrolas e televisores para nos mandar mensagens do mundo espiritual. Ficaram comuns relatos de supostos médiuns que diziam ouvir a comunicação dos espíritos através de um gravador, onde tocavam uma fita magnética sem nenhuma gravação e dos chiados e roncos bem baixos que aquilo produzia, conseguiam distinguir palavras audíveis, mas somente para eles é claro. Milhões de pessoas impressionadas com isso tentaram a comunicação com os espíritos, até eu, mas tudo o que eu ouvia era só isso, estática, roncos e chiados do aparelho, talvez porque já estivesse ficando descrente de certas coisas.
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Porque os espíritos nunca aproveitaram para usar os antigos meios de comunicação como telégrafos, rádios de ondas curtas ou mesmo o telefone, os médiuns espíritas nunca explicaram. Talvez porque no telégrafo, o telegrafista já estivesse usando, o rádio de ondas curtas era muito caro, só para radioamadores muito bons e o telefone talvez porque só existisse na casa de uns dois ou três sortudos no quarteirão todo.

Vitrola também da década de 70. A máquina que permitia aos padres católicos mostrarem cantores de rock falando do Diabo ao simplesmente rodarem os discos ao contrário
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Vitrolas também emitiriam palavras de transcomunicação dos espíritos, mas como os discos de vinil só tinham alguns segundos entre o começo das músicas e o fim delas, essa modalidade deve ter sido descartada pelos espíritos. Mas para padres católicos foi de grande valia. Reunindo jovens em aulas de catecismo, os padres provavam que os grandes ídolos do rock pesado tinham vendido a alma para o Diabo e provavam isso começando a tocar algum disco com essas músicas e em certo trecho simplesmente colocavam a mão em cima do disco e o rodavam ao contrário. Quando todos ouviam os sons distorcidos que isso provoca, os padres diziam que aqueles guinchos e vozes ao contrário eram as juras de fidelidade dos cantores ao Diabo. Era só prestarem atenção e perceberiam. Arrepiados, os adolescentes das aulas de catecismo católico, saíam dalí dizendo para todos que tinham ouvido em alto e bom som a voz dos cantores de rock vendendo sua alma, enquanto os padres esfregavam as mãos de alegria.
Depois do filme Poltergeist, os espíritas progrediram para a televisão e alguns médiuns mostravam espíritos em televisores nas imagens de chuvisco
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Depois do filme de Steven Spielberg de 1988, "Poltergeist", os adeptos da transcomunicação também passaram a ver espíritos ou rostos dos espíritos de pessoas falecidas simplesmente olhando durante muito tempo para televisores fora de sintonia, que apresentam a imagem de chuvisco, conhecida de todos. É mais ou menos como olhar para nuvens e ver as formas que a pessoa quiser. Olhando sem cessar para a tela com chuviscos, a pessoa, já com a vista consada e meio ofuscada e impressionada consegue ver os rostos de pessoas que conheceu e que já morreram. Infelizmente os espíritos nunca aproveitaram o aparelho para aparecerem numa imagem nítida e incontestável e ainda por cima com som, apenas apareciam muito bem para os médiuns ou crentes entusiastas da transcomunicação.
Um aparelho digital de MP3 dos anos 2000. Porquê será que os espíritos pararam de falar por aqui?
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Por tudo isso é interessante notar que no tempo dos aparelhos analógicos, sujeitos a todo tipo de interferência de áudio e vídeo, os espíritos apareciam em fugazes segundos, quando alguém apontava para a tela e via este ou aquele defunto ou então quando ouvia algum parente ou conhecido já falecido mandando uma saudação também fugaz do outro mundo, depois de quase uma hora escutando estática e chiados de uma fita magnética sem nenhuma gravação rodando no gravador ou do mesmo tempo passado olhando os chuviscos no aparelho de televisão.
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Já nos tempos de hoje, quando temos aparelhos do MP3 até o 7, televisores de alta definição, televisores a cabo com som e imagem de uma perfeição enorme, canais de filmes via satélite também de ótima definição de som e imagem, com tudo isso, de forma interessante os espíritos pararam de falar e de aparecer. Justo agora que os meios para a transcomunicação tornaram-se aperfeiçoados ao extremo, parece que tal perfeição aborreceu os espíritos. Ao que tudo indica eles não gostam de aparecer em imagens de alta definição. Como esses aparelhos não tem chuvisco, mas só a tela azul, os espíritos contrariados decidiram não aparecer mais. Também nos modernos aparelhos de áudio digital que permitiriam aos espíritos falarem com toda clareza, eles não dão sinal de vida. Nem uma palavra que seja, eles gostavam mesmo é dos chiados e roncos nos gravadores. Quanto aos ídolos de rock que venderam a alma ao Diabo e provavelmente continuam fazendo isso, os padres não tem mais como provar isso, já que quando colocam algum CD ou DVD para tocar, não podem usar do recurso de colocar a mão no disco e rodá-lo ao contrário. Que situação.
Na tela dos computadores de hoje, não poderiam os espíritos mostrarem então incontáveis telas do mundo espiritual com a perfeição do som e imagens digitais? Que nada! Sumiram
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E que meio mais rico de comunicação, a tela do computador, que os espíritos que agiam sobre gravadores e televisores poderiam usar, mas agora não usam. Poderiam agir sobre o computador, provocando um travamento e a tela azul apareceria justo com as mensagens dos espíritos, mas talvez porque a Microsoft resolveu grande parte dos problemas do Windows que levavam à famosa tela azul, eles não conseguem fazer isso e não nos mandam uma mensagenzinha que seja. Assim, já nos anos 90, a transcomunicação tornou-se ela própria uma defunta, já que ninguém mais falava nela. Uma pena.
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Talvez isso tenha acontecido porque os espíritos antigos sabiam usar o gravador, a vitrola e o aparelho de televisão analógico. Mas como morreram antes dos modernos aparelhos digitais, não sabendo usá-los, ficam sem conseguir a famosa transcomunicação. Só pode ser isso. O problema é que morre gente todos os dias que não só sabe usar esses aparelhos, como até os inventou.
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Isso nenhum médium consegue explicar. Mas que foi divertido enquanto durou foi.
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Vellker
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sábado, 7 de abril de 2012

R50 Distância

Enquanto a procura existe...
Há momentos na vida em que você está distante de quem você ama. Mas tem sempre no coração esse sentimento de procura, de lembrança.
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Apesar da distância, enquanto esse sentimento existir, mesmo longe, você vai estar mais perto do que parece. -
Vellker
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