segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

L16 O Moisés moderno é esperto

Esperto é apelido, é ladino que só ele....
Realmente é por demais interessante, quando não divertido ouvir as pregações dos pastores e também dos padres dos dias de hoje, alguns que já se tornaram milionários e outros que persistem em programas de meia hora nas rádios, tudo o que a igreja deles pode comprar.
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Mas todos apregoam milagres acontecidos em suas igrejas, mas tantos milagres, em tal quantidade e em especial curas milagrosas, que fica difícil acreditar que as pessoas ainda se matem para pagar planos de saúde, quando poderiam simplesmente entrarem para qualquer uma das igrejas que apregoam esses milagres e ter não só saúde garantida a vida toda, mas também riqueza, fartura e muito dinheiro, desde é claro, que paguem o dízimo. Sem isso não tem nem milagre e nem dinheiro.
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Ao contrário disso, as modernas imitações de Moisés se deliciam aterrorizando seus ouvintes contando a estória daquele fiel que abandonou a obra do deus da sua igreja, leia-se parou de pagar o dízimo e por conseguinte de encher os bolsos do pastor. Aí todas as desgraças possíveis caíram sobre ele. Já os que pagam o dízimo em dia, contribuindo para a riqueza do pastor, contam testemunhos de como até o ano passado eram pobres e hoje, coisa de um ano depois pagando o dízimo, já tem uma mansão, carro importado e acabam de abrir outra empresa e também falam que aumentaram a quantia que dão para a igreja. 
Em meio a tudo isso, aparecem os mais diversos pastores com campanhas como a dos 40 dias de jejum, 40 dias no deserto, na cova dos leões, caminhada do deserto, celeiro de José e coisas tais, onde ao final acontecerão milagres impressionantes, sendo que o primeiro milagre é que os fiéis aumentam as contribuições para o dízimo, para conseguirem mais graças divinas. É mais ou menos assim, o fiel dá 100 reais para a igreja e será, com certeza, abençoado com um milagre onde ganhará 1 milhão de reais. Aliás muitos pastores nem perdem tempo pedindo o que o fiel puder dar, pedem de 50 reais para cima.
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Alguns, como o autoproclamado bispo Edir Macedo já acreditam serem os modernos sucessores de Moisés, usando trajes de sacerdotes judeus, barba como Moisés e faltando só começar a falar em hebraico para seus fieis, que imediatamente começarão a comprar as apostilas santas da igreja para também falarem em hebraico.
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Apregoam a autoria de todo o tipo de milagres, de curas milagrosas a até mesmo fazerem surgir dinheiro sobre a mesa de um dos fieis, que testemunhou já estar apavorado com uma dívida, mas depois de ter ido até a igreja pagar mais um dízimo, ora essa, encontrou sobre a mesa em sua casa, os milhares de reais que precisava para pagar suas contas. Uma fiel da rede católica Canção Nova até contou que estava andando de moto e vendo o indicador do tanque de combustível quase vazio, rezou para Nossa Senhora e milagre, quando se preparava para entrar no posto, o tanque milagrosamente tinha sido enchido por Nossa Senhora, que agora sem dúvida intercede junto a Deus por milagres mecânicos. É a salvação dos motoristas das grandes cidades. Basta rezarem com fé e até o pneu furado se encherá sozinho. De enchente então nem precisam mais ter medo. Uma reza e pronto, o carro sairá flutuando tal como a arca de Noé.
Mas espertos e ladinos como são, esses modernos Moisés sabem que tudo é ilusão e para manterem a aura de milagrosos sem se exporem a um rotundo fracasso, que já devorou a igreja e a fortuna de outros colegas seus pouco cautelosos, com o descrédito e a perda de tudo, se limitam a apenas anunciarem milagres, sem nenhuma comprovação deles. Os testemunhos nos palcos são apenas cuidadosas encenações, A maior parte das curas milagrosas é de fieis que passaram meses no hospital ou dias na UTI e depois de curados pelos médicos, tem suas curas apresentadas como obra do prestígio do pastor junto a Deus. Médicos, hospital, UTI, dezenas de remédios e operações são apenas um detalhe sem importância. Quando não ocorre cura nenhuma, dizem apenas que o tempo de Deus não é o mesmo dos fiéis, mas mesmo assim o dízimo é exigido.       
 
Mas nenhum, absolutamente nenhum dos padres e pastores milagrosos, teve no último ano a coragem de dizer, que tal como um moderno Moisés traria, com a benção de Deus, a água da chuva para seus fiéis sedentos e em estado de aflição, com a seca que fustiga metade do Brasil. Na Bíblia, no livro de Números no capítulo 20, é contado como Moisés bateu o cajado numa rocha no deserto e dalí fez jorrar água em abundância tal que se tornou um rio e salvou seus seguidores de morrerem de sede. Fora isso Moisés deveria ter batido em outra pedra para que dalí saísse um guia de estradas, para não ter passado 40 anos no deserto sem acertar o caminho.
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Eu mesmo me converteria ao mais ardoroso dos fiéis se um desses padres ou pastores, salvando dezenas de milhões de fiéis das calamidades da seca, fizesse chover usando seu prestígio junto a Deus e deixasse os reservatórios de água cheios. No entanto nenhum deles se atreve a fazer isso. Sabem que com o fracasso de uma temeridade como essa, sua credibilidade, sua igreja e sua fortuna seriam perdidas na hora ao serem abandonados pelos fiéis e só tocam no assunto em rezas e alguns pastores e padres mais cautelosos nem isso fazem. Sabem que alguns dos seus fiéis lhes perguntariam porquê, se eles fazem tantos milagres, porque nãos ajudam a todos fazendo chover? Para essa pergunta, não tem milagre que dê alguma resposta.
Assim o que vemos é a massa de milhões de fiéis que vão até a igreja, pagam seus dízimos, deixam os pastores e padres mais ricos, veem e ouvem a habitual e diária procissão de fiéis contando como tiveram a graça de um milagre depois de pagarem o dízimo do mês ou melhor ainda, depois de pagarem todos os dízimos atrasados, mas nenhum deles conta que teve o milagre de pagar o dízimo e ver a caixa de água de sua casa e suas torneiras até vazando água em milagre semelhante ao de Moisés.
Milhões de fiéis realmente pensam e se perguntam. Pagaram o dízimo, foram bons com sua igreja, será que o pastor ou Deus não poderia ter pena deles e fazer que das suas torneiras saísse um verdadeiro rio, enquanto que suas caixas de água seriam transformadas em verdadeiras represas? Mas nada disso, ao contrário. Persiste a maior e mais pavorosa seca que já viram e o prognóstico é sombrio. Enquanto isso, longe de sua habitual confiança na exibição diária de milagres, os padres e pastores nem tocam no assunto, porque sabem que fatalmente algum fiel lhes perguntará isso. Se o padre ou pastor é tão milagroso, o que espera para me salvar da seca? Para evitar essa pergunta, os modernos sucessores de Moisés silenciam completamente.
Persistem no entanto os milagres diários da multiplicação dos reais. Padres e pastores aboletam-se confortáveis em milionárias mansões, construídas ao abrigo da montanha de dinheiro dada por seus fiéis, onde sobram o luxo, o dinheiro e a água que para os fiéis escasseiam e rareiam todo dia.
Sem contar que depois do culto, o fiel chega em casa e mais uma vez abre a torneira de onde uma parca e mísera gota de água cai de má vontade.
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O pior de tudo é que faltou água durante o culto também, quando o fiel, depois de pagar o dízimo e cantar o tempo todo, ao ir matar a sede, também encontrou na torneira da igreja a mesma parca e mísera gota de água, que caiu na pia de má vontade, bem ao contrário do dinheiro dele, que alegre e feliz caiu de boa vontade na carteira do pastor.
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Vellker

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