sábado, 10 de dezembro de 2011

D26 A mansão

Afinal chegamos...
Saí no último fim de semana a caminhar sob um delicioso sol de uns 35 graus. Na estrada, com o ar quente subindo a sensação é de mais calor. Explico o porque disso. Caminhar ajuda a manter a forma e o peso dentro de uma margem razoável e quando se caminha numa tarde de sol bem escolhida, a resposta do corpo com o tempo tende a ser de maior resistência e uma sensação de bem estar que vem depois com o cansaço saudável que isso provoca e que ajuda num relaxamento geral quando a pessoa retorna para sua casa.
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Quem andava ultimamente aborrecido com minhas caminhadas é o meu bom amigo cachorro, o Bóbinho. Já com 8 anos de idade, acabei de ver nessa último fim de semana que deve ser mesmo verdade que cada ano de vida do animal vale por uns 10 do ser humano. Se andava se sentindo excluído nas tardes em que eu saía e o deixava em casa para caminhar com ele apenas na parte da noite num trecho curto, ele deve ter mudado de idéia na última caminhada.
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Decidi levá-lo para uma caminho que ele já fizera lá por 2005, já que ele demonstrava tanta vontade de seguir pelo mesmo caminho. E lá fomos nós, eu e o meu velho amigo de nome Robert D'Artagnan Flingo, convenientemente encurtado para Bóbinho, que soa menos solene.
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Ora, ocorreu que na medida em que chegava numa curva da estrada com o sol pelando, eu avançava por mais um trecho. Chegando lá, achava interessante ir até a estrada de ferro, velha conhecida do meu amigo, que ainda caminhava valente. E lá fomos até alguns quilômetros a mais do que o pensado. Já bem longe e com o sol pelando, o meu amigo que até esse ponto caminhava como um cachorro maratonista, súbitamente foi perdendo as forças como esses brinquedos de pilha que ligamos depois de muito tempo parados, que funcionam um pouquinho e logo depois travam.
Foi começando a bufar de tal forma que achei melhor voltar com ele. Mesmo caminhando mais devagar o meu amigo foi pondo uma língua para fora que eu achava que ia encostar no chão. O cansaço bateu nele de tal jeito que comecei a considerar a hipótese de carregá-lo nos braços se a situação piorasse.
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Por pouco ele não entrega os pontos. Geralmente caminha na minha frente, olhando e cheirando tudo, mas alí tive que andar mais devagar e parar na sombra para ele se refazer. O interessante é que já caminhamos uns 10 quilômetros nessa estrada, no mesmo horário e ele foi firme e forte, mas nesse dia pensei que ou é verdade que o cachorro envelhe mais depressa do que nós ou então estava mesmo completamente fora de forma.
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Seja como for, aos poucos chegamos na cidade, dobramos as ruas e logo ele estava me vendo abrir o portão. Minha casa é simples, mas para ele deve ter parecido a melhor das mansões. Lá dentro havia a tina de água que ele bebeu como deu e acima de tudo o cimento frio da sala, onde ele se deitou ainda bufando, mas começou a se sentir no paraíso. Logo estava respirando normalmente, deitado de orelhas baixas e quase pegando no sono, esparramado no cimento fresco.
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Saí depois para ir no mercado comprar algumas coisas, mas quem disse que ele dessa vez ficou de cara feia, com jeito de quem queria sair? Ao contrário, foi rápido para sua casinha e só retornou para a sala quando voltei e o chamei.
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Talvez crente que eu estivesse abrindo o portão para outra caminhada compulsória, preferiu ficar escondido até verificar que estava tudo seguro e podia enfim ir se deitar lá na sala novamente.
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Depois de ter bebido quase toda a água da tina, de ter comido um pouco de ração, agora ia se deitar no cimento fresco da sala. Isso é que é mansão para um cachorro.

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