sexta-feira, 30 de julho de 2010

L02 O medo do inferno

Como as coisas são mantidas... Hoje depois de escutar outra vez um padre falando sobre curas e milagres peguei novamente a Bíblia para ler. Foi uma leitura como essa há coisa de uns 20 anos que me fez ter a certeza de que o Deus nela retratado não existe. Se bem que essa é uma conclusão amadurecida no íntimo das pessoas. Mas só mesmo lendo o verdadeiro livro de horrores que é a Bíblia para dar o passo final para o ateísmo. E depois dele, descobre-se que afinal não só existe vida fora da crença cristã, como também ficamos livres de dívidas eternas, pecados cometidos por Adão e Eva, infernos, purgatórios, dívida com Jesus e tudo o mais que os antigos sacerdotes judeus e cristãos inventaram há mais de 2.000 atrás com uma só finalidade: viver às custas dos outros.

Qualquer crente apresenta duas reações quando isso é dito: irritação ou dúvida. Se ficar irritado é crente dos que aceitam tudo o que está escrito na Bíblia, como por exemplo assassinato, genocídio, racismo e roubo, cometidos em nome de Deus e por inspiração de Deus. Se ficar em dúvida, é crente do tipo que leu e não conseguiu acreditar naquilo, mas continua indo na igreja e ainda acompanha a procissão, mas com a sensação de que não quer ir até o fim da missa.


Sejá lá como for, ouvindo o padre e relendo os trechos mais sangrentos do Velho Testamento, me lembrei das notícias de padres envolvidos em escândalos de pedofilia. Quando o padre fala disso, diz que é perseguição contra a Igreja Católica. Do outro lado temos os pastores evangélicos empenhados em comentar isso, mas silenciando quando o assunto é algum bispo dono de alguma igreja envolvido em desvio do dinheiro dos fiéis. Tudo também é atribuído a uma perseguição maldosa.

Olhando as fotos de padres, pastores e bispos tanto evangélicos como católicos, todos barrigudos e que falam em viver como Cristo e a cada ano aparecem mais gordos, vi-os como legítimos filhos de Eleazar, um dos sacerdotes que ao lado de Moisés mais soube viver a vida às custas dos outros. Lembro dos filmes e imagens em que a figura desses dois piratas do deserto aparece glamurizada como heróis míticos quando na verdade eram salteadores e assassinos cruéis.

Mas tudo que era dito e ordenado por eles era anunciado como a palavra divina, que merecia obediência imediata e reverente. Nos tempos antigos sequer se podia pensar em não acreditar ou não fazer o que mandavam sem que se fosse imediatamente apedrejado ainda ouvindo as palavras que descreviam o Inferno, com o que esses sacerdotes conseguiam tudo o que queriam. Obedecer à própria consciência, questionar coisas duvidosas, desacreditar das fábulas da Bíblia era e é ainda pecado mortal.

Vez por outra colocarei aqui algumas das "palavras da salvação" que eles zelosamente passam a vida inteira sem mostrar para seus fiéis, pois as próprias palavras da Bíblia seriam uma vergonha teológica sem tamanho. Aliás as escolas de teologia só ensinam uma coisa aos teólogos: como fazer um verdadeiro trapezismo mental para justificar os crimes ditos inspirados por Deus e ao mesmo tempo atribuir razão e lógica aos absurdos da divindade. Poucas pessoas sabem mas da mais de 1.000 páginas da Bíblia, ao longo de toda uma vida de crença, os fiéis são induzidos pelos sacerdotes a lerem umas 100, isso os leitores mais ávidos. A esmagadora maioria do rebanho cristão se contenta em ouvir prédicas sobre o Gênesis, Moisés, Sermão da Montanha e Apocalipse. Muitos andam 60, 70 anos com esse livro sob os braços e na verdade só conhecem algumas páginas dele. É assim que essa mistificação é mantida.

Volto a atenção para o rádio e ouço o padre no mesmo molde dos pastores evangélicos dizendo que o verdadeiro cristão não segue sua consciência, nem a inteligência, nem a razão e nem a lógica mas sim a consciência divina a qual, é claro, oferece todas as respostas a todas as dúvidas. E só ele é, como não poderia deixar de ser, o representante autorizado da voz divina. Portanto ele exige a obediência dos fiéis e também o dízimo. Nas rádios evangélicas os pregadores seguem o mesmo ritual de induzir seus seguidores à auto-humilhação, deixando no alto do púlpito apenas a figura do pastor.

E triunfantes, padres e pastores, ensinados na velha escola do terror, deixam entrever em seus sermões que ousar acreditar no contrário é o caminho mais certo para o Inferno. Acima de tudo eles só tem isso para mostrar. O Paraíso é só um acessório que vem com o dízimo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário