domingo, 23 de outubro de 2011

R45 A eterna procissão

Crenças, livros sagrados e castigos...
Há muito tempo atrás deixei de acreditar em Deus. Religiões, preceitos tidos como sagrados, a Bíblia e todas essas coisas aparecem aos olhos de quem descrê de tudo isso como uma curiosa e intrincada racionalização de coisas que nunca foram vistas mas são acalentadas pelo sentimento dito cristão. É normal.
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Aos fiéis resta acreditarem em preceitos sem pé nem cabeça. E de certa forma fazer de conta que certas coisas nunca foram ditas ou escritas, para que o culto na igreja não degenere em tumulto, pancadarias e mortes. Vejamos alguns deles, escritos na Bíblia e gravados a ferro e fogo na alma dos cristãos.
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Descrito como um deus de amor, o Deus assim chamado pelos cristãos reservava aos deficientes físicos na época de Moisés, uma discriminação cruel. Dúvidas? Este trecho da Bíblica, em Levítico, capítulo 21, versículos 18 a 23 deixa tudo claro:
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“Há defeito nele. Não se pode aproximar para apresentar o pão de seu Deus. Pode comer o pão de seus Deus, das coisas santíssimas e das coisas sagradas. No entanto não se pode chegar á cortina e não se pode aproximar do altar porque há defeito nele e não deve profanar meu santuário, pois eu sou Jeová que os santifico.”
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É duro mas é verdade. E a procissão continua sob palavras mais inclementes do que o sol de uma tarde de verão.
O Deus de amor, carinhoso e amoroso com seus filhos e que diz amar tanto, também reservou o seguinte castigo para algumas crianças que apenas riram do seu profeta Eliseu em sua inocência infantil, como é mostrado na Bíblia em II Reis, capítulo 2, versículos 23 a 25:
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“E dali passou a subir a Betel. Quando subia pelo caminho havia uns pequenos rapazes que saíram da cidade e passaram a fazer troça dele e lhe diziam: Sobe careca! Sobe careca. Finalmente ele se virou para trás e os viu e invocou sobre eles o mal em nome de Jeová. Saíram então da floresta duas ursas e dilaceraram quarenta e dois meninos deles. E ele seguiu de lá para o Monte Carmelo e de lá para Samaria.”
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Que exemplo de amor. Um Deus amoroso responde prontamente à invocação do mal e depois de cometida a atrocidade, seu profeta, que com certeza devia estar pensando em dizer na próxima cidade em como esse deus é amoroso, dá as costas para tudo como se nada tivesse acontecido. E quanta bondade e compreensão esse Deus revela. Quarenta e duas crianças mortas por esse deus só por causa de uma brincadeira infantil. Se fossem adultos sabe-se lá o que teria acontecido, no mínimo a erupção de um vulcão.
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Se bem que na Bíblia, segundo os cristãos a própria palavra de Deus, conta no livro de I Samuel, capítulo 5, versículos de 9 a 12 que, aborrecido com suas criaturas, Deus decidiu puni-las da seguinte forma:
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“E sucedeu que depois de terem feito dar a volta até lá, a mão de Jeová veio a estar sobre a cidade com uma confusão muito grande e ele começou a golpear os homens da cidade, desde o pequeno até o grande, e começaram a arrebentar neles hemorróidas.”
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É óbvio que as farmácias daquela época devem ter tido um dia de grandes vendas de pomadas para aliviar a dor dos punidos pela ira divina. Talvez pelo pressentimento da Lei Maria da Penha, Jeová decidiu poupar naquele dia as mulheres da cidade. E aguente ouvir o padre ou pastor recitando esse trecho da Bíblia sem rir.
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Se bem que padres e pastores usam de um truque milenar. Essas partes desagradáveis do seu livro santo jamais são ditas num sermão ou exortação. E toca a cobrar o dízimo, que sem isso, nada funciona, nem a palavra divina.
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E ao crente convicto de tudo isso, resta apenas pagar e acreditar piamente em tudo o que seus chefes espirituais dizem ou então que ele lê no chamado livro sagrado. Como disse Martinho Lutero em plena Idade Média, para acreditar, temos que arrancar os olhos da nossa razão.
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Ou se faz isso ou então o Deus amoroso dos cristãos lhes reserva a eternidade dentro do fogo do inferno.
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Que variado leque de bondosas opções esse amoroso Deus oferece.

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