domingo, 20 de novembro de 2011

L06 Acredite se quiser

É assim a chamada fé cristã...ou qualquer outra...
Por esses dias conversando com um colega sobre religião percebi ao longo da conversa que ele deixava à vista algumas dúvidas sobre a crença, sobre fatos religiosos, sobre os personagens da Bíblia, dúvidas que qualquer cristão tem na medida em que o tempo passa, ele cresce e deixa de ser apenas uma criança obediente na missa e aí passa a fazer perguntas, no início a si mesmo, depois a outras pessoas.
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Como é normal, com uma religião já sedimentada na mente e nos costumes, a maioria segue a fé. Esses outros duvidam. No início guardam as dúvidas para si mesmos e em alguns poucos casos passam a considerar inaceitáveis certos trechos bíblicos. É o primeiro passo para deixar de acreditar nesse imenso, caótico e absurdo edfício religioso, tão absurdo que Martinho Lutero dizia que para acreditar, para ser um bom cristão, o seguidor do cristianismo tem que arrancar os olhos da razão, tem que matar em si mesmo qualquer discernimento.
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Eu mesmo deixei de acreditar em Deus há muitos anos atrás em boa parte porque comecei a ler a Bíblia por mim mesmo, depois de uma peregrinação por várias religiões onde fui constatando que tudo era uma racionalização de desejos humanos, uma espécie de amparo teológico contra os medos que afligem qualquer pessoa, com a criação de um Deus e um Messias que nada mais eram do que lendas corporificadas em religiões, criadas em épocas ancestrais da humanidade e recolhidas pelos judeus em suas passagens ora como saqueadores, ora como escravos pela região do Oriente Médio e depois passadas por eles aos cristãos, que se apossaram de seu livro santo dizendo-se o novo povo escolhido. Nos credos cristãos que resultaram disso, sempre foi milenar a leitura dos trechos selecionados pelos padres e pastores sempre ocultando os trechos absurdos de maiores discussões. Qualquer um que tenha frequentado cultos religiosos católicos ou evangélicos sabe disso, que as pregações são a eterna repetição de trechos bíblicos por assim dizer, selecionados pelos pregadores para não levantar dúvidas. Muitas pessoas andam a vida toda com a Bíblia debaixo dos braços sabendo apenas de algumas poucas páginas, eternamente repetidas pelos pregadores. Quando uma pessoa se volta para o ateísmo por finalmente ver o absurdo das religiões, é taxada de má, de dissoluta e triunfo dos triunfos, de condenada à perdição eterna. Triste engano dos fiéis. Como qualquer um deles somos sujeitos a más ações, a boas ações, a uma vida como qualquer outra, mas sem ter medo de perdição eterna, pois para um ateu não existe nem perdição nem salvação. Existe apenas a liberdade de viver a vida como ela é, sem mérito por crer ou demérito por não crer, até o fim que para todos vai chegar. Fora do edifício religioso, a pessoa consegue ver todas essas crenças como uma frágil luz no escuro, dando apenas uma visão distorcida das coisas. E para manterem seus seguidores em obediência, padres e pastores aumentam os medos e crendices dos seus fiéis, aterrorizando seus já trêmulos seguidores com incessantes estórias de perdição eterna, fogo eterno, torturas eternas e coisas assim.
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Para os cristãos católicos fica também o peso de entender como seus piedosos padres tem se envolvido em tantos escândalos sexuais em todos os países do mundo católico, ao mesmo tempo em que pregam castidade e abstinência, escândalos esses que são coisa tão antiga quanto a pregação católica, mas só nos anos recentes mais noticiados. Já os pastores evangélicos, que pregam o exemplo da vida despojada de seus amados profetas, preferem deixar essa vida para seus fiéis e protagonizam escândalos financeiros em suas seitas capazes de deixar qualquer um estarrecido, menos seus fiéis que tanto católicos como evangélicos sempre perdoam seus pregadores.
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No ano passado eu conversava com um primo evangélico que sabe que sou ateu e me disse que 1 bilhão e meio de pessoas que seguem o cristianismo não podem estar erradas. Eu disse que ele deveria considerar a mudança de religião pois outro 1 bilhão e meio de pessoas que seguem o islamismo também não podem estar erradas. Sem contar os outros 3 bilhões de habitantes do mundo que se dividem entre hinduísmo, budismo e crenças diversas. No meio disso tudo uns 20 milhões de judeus se dizem, eles sim, o povo eleito por Deus e seguidores da religião certa. Enfim, cada religião, independente do seu número de seguidores se diz a verdadeira religião e seus seguidores os verdadeiros escolhidos de Deus. O resto vai para o Inferno.
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Assim vez por outra vou deixar aqui algumas passagens bíblicas que são realmente um motivo de embaraço para os pregadores cristãos. Uma coisa como a pregação resoluta de Timóteo falando com autoridade sobre a inferioridade e submissão da mulher como preceito divino é até suave, frente a outros absurdos elevados à condição de palavra divina.
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As incoerências e contradições nas pregações de Jesus Cristo também merecem um citação ocasional. O cristão que por acaso esteja lendo estas linhas logo vai com a família para a igreja? Pois estando com ela deixa de ser digno do seu amado Jesus, como ele mesmo disse, mas isso os padres e pastores sempre deixam de lado.
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Não é fácil mesmo, com todo o peso social e psicológico que as congregações jogam sobre as pessoas ter a coragem de duvidar. Mas é um grande conforto, quando uma vez livres de crendices, medos e superstições, a pessoa consegue encarar um mundo novo, fora dessa procissão no escuro.

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