sexta-feira, 13 de julho de 2012

L13 O milagre gripado

E assim a procissão vai andando...
Por esses dias eu estava vendo uma missa do lado de fora da igreja e foi interessante no momento em que o padre ou diácono, nem sei qual dos dois era, invocava o dom das línguas e começava no maior fervor a falar o linguajar incompreensível que os fiéis católicos e evangélicos dizem ser a língua do Espírito Santo. Enquanto isso os fiéis também começavam a dar gritos e pulos com os braços levantados. Passado o momento mais frenético de tudo, o pregador ainda com a voz alterada, começou a falar em curas, milagres, libertações e tudo mais.
Fui acompanhando a pregação e o pregador não deixou de citar pessoas que ficaram curadas da AIDS, paralíticos que voltaram a andar e coisas do tipo, que é claro, são verdadeiros milagres concedidos a pessoas das quais nunca sabemos o nome e que nunca aparecem para dizer que ficaram curadas. Também nunca moram na cidade de ninguém que as conheça. Mas a crença dos fiéis é inabalável. Na verdade, se formos olhar bem de perto, essa crença não é tão inabalável quanto querem fazer crer. 
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Um pequena notícia no jornal Folha de São Paulo neste dia 13 de julho de 2012, justo uma sexta-feira confirma que os fiéis acreditam sim na proteção divina, no ditado que diz para não se preocuparem com nada que "Deus proverá",  que Deus os protegerá de qualquer perigo e coisas do tipo, mas  por via das dúvidas é bom tomar o remédio, consultar o médico e colocar o cinto de segurança e coisinhas assim. Lógico que aí os fiéis não querem reconhecer, mas nessas horas a crença já está mais para conto do vigário do que qualquer outra coisa.
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Vejamos alguns pequenos detalhes que deixam a fé meio de lado na hora do vamos ver.   
Deus protege os fiéis dizem os padres, que afirmam que sobre qualquer dúvida eles podem contar com a proteção divina. Mas justo na igreja, na chamada casa de Deus, parece que esse ditado não é levado muito a sério. Ou como diz a manchete do jornal, exatamente por medo da gripe A, missas foram suspensas no Rio Grande do Sul. Mas e a proteção divina? O padre não é um dos representantes de Deus na Terra? Nessas horas os fiéis se entreolham sem saber o que fazer. A missa onde os fiéis se abraçam, se beijam e tudo mais está suspensa porque é exatamente o abraço e o beijo de um cristão que podem fazer algum outro ir para o cemitério.
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Quanto ao padre com sua milagrosa imposição das mãos, é exatamente com isso que ele pode enfiar um fiel no hospital quando não no caixão.

A mais desconcertante constatação de que nem mesmo o mais alto sacerdote católico acredita nisso vem do próprio Papa, que diz a seus fiéis no mundo todo que Deus os protegerá, que todos estão sob a proteção divina, que a proteção divina nunca falha e por aí vai.
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Mas o próprio Papa prefere andar num carro com vidros blindados, à prova de atentados. De todos os grandes dignitários religiosos do mundo, o maior sacerdote dos católicos e que alguns acreditam até que seja capaz de milagres, é o único não dispensa o carro blindado e anda sempre dentro dele. É assim o primeiro a mostrar que não acredita no que prega.
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Alguns fiéis ainda dizem que isso é para proteção do Papa, para prevenir, afinal nos dias de hoje, com esses atentados e terroristas a solta, nunca se sabe. Mas ora essa, se o Papa é o representante de Cristo na Terra, o filho mais querido de Deus por essas bandas, não deveria ele então abandonar tudo nas mãos de Deus e andar de braços abertos no meio do seu povo, acontecesse o que acontecesse, que seria de qualquer forma a vontade de Deus?
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Mas o Papa não pensa assim e prefere a segurança do seu papamóvel, que o deixa a salvo de qualquer eventual martírio que poderia sofrer nas mãos de algum desatinado, mas que seria a vontade divina. Mesmo assim o Papa prefere que histórias de martírio fiquem só na biografia de Jesus, de Pedro, de Paulo e outros que tiveram uma morte trágica na senda do cristianismo.   
O Papa acredita que Deus tudo proverá e que Deus a todos protege, mas prefere não arriscar.
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Não é de admirar que os bancos das igrejas católicas estejam se esvaziando e não é por medo da gripe A.
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