sábado, 18 de fevereiro de 2012

D33 Caminhada

É bom ver a fila de carros...
A fila de carros na saída de São Paulo. Não seria uma má idéia ficar em casa.
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Mais um feriadão, o do Carnaval e lá vem a fila de carros, coisa mais divertida de se ver do que se pode imaginar.

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Agora de tarde, sol quente, caminho pelo asfalto, afinal o caminho é regular, melhor do que trilhas que incomodam com barrancos para todo lado. Além disso o calor que o asfalto exala força o corpo num exercício para valer mesmo. Olho de um lado da estrada e tem um ou outro carro, olho do lado que vem de São Paulo e tem uma fila impressionante. É divertido ver o que chamo de a clássica família paulistana. Mecanizada, enlatada e sempre viajando para o interior na primeira chance que aparece. Enquanto isso caminho pelo acostamento curtindo um maravilhoso sol de 37°C e toca a olhar a fila de carros e toca todo mundo que passa a olhar para mim pensando que eu devo estar indo a pé para São Paulo. É divertido.
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Mas de manhã, procurando algumas ferramentas para uma pequena reforma aqui em casa, fui no ferro velho, delícia de passeio. Passear pelas ruas da cidade até que é divertido, mas passear no ferro velho é melhor ainda. Enquanto procuro uma ferramenta aqui, outra alí, olho para aquela profusão de peças e me maravilho. Rolemãs, engrenagens, transmissões, sistemas hidráulicos e na minha mente vai surgindo a idéia de montar algum tipo de máquina. Acabo separando um tanque de pressão tirado de algum caminhão, vai dar um compressor e tanto, mais tarde venho pegar, além disso os preços são praticamente um presente. Depois uma pequena manutenção, uma mão de tinta e pronto, tudo funciona, desde que bem planejado. É, passear no ferro velho é melhor do que passear na Disneylândia. -
Uma linda pilha de peças para montar. É só saber como.
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Nem acredito que na segunda feira estarei lá de novo, afinal, nesse sábado o pessoal já estava parando, mas ganhei uma aula grátis sobre prensagem de metais. Olhei aquela prensa enorme transformando metais velhos num bloco que vai para a siderúrgica. Que legal.

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Voltando em casa preparei mais algumas coisas que vou arrumar na reforma, fiz uma pequena refeição, passei a mão na cabeça do cachorro, que coitado, está velhinho e não aguenta mais essas caminhadas e aí tomei o rumo da estrada. Um maravilhoso sol queimava a cabeça de todos. O calor estava tão forte que ao chegar no asfalto imaginei que iria encontrar tropas da Legião Estrangeira também passeando por alí.
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Enquanto caminhava quilômetro a quilômetro, fui vendo o desfile de carros agora bem velozes, já que a saída de São Paulo ficou bem para trás. De relance dá para ver as famílias metropolitanas indo tomar um refresco no interior. O marido dirigindo, a mulher do lado, no banco traseiro três figuras, uma delas de cabelos brancos, aposto que é a avó dos dois pimpolhos. E deve ser um filho e uma filha, já que o carro que passou levava no teto uma bicicleta preta e outra cor de rosa, só pode ser. E é aquela fila de carros passando, fora os caminhões numa velocidade de fazer meu boné voar às vezes. Fico sem saber se os carros correm porque querem chegar logo na casa dos parentes ou se é porque os caminhões vem atrás com dezenas de toneladas de carga que freio nenhum vai segurar. Quando não fogem de assaltantes em São Paulo, correm de jamantas no interior, que divertido.
Uma maravilhosa fila de carros no congestionamento da multidão que vai para a praia. O sujeito no volante, a mulher reclamando, a sogra falando em passar um mês na casa dele, os filhos brigando e o cachorrinho latindo. E chamam isso de viagem de lazer. Que legal.
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Enquanto isso, entre uma música e outra, escuto no radinho que as estradas para as praias paulistas tem lentidão e em alguns pontos os carros estão parados. Deve ser frustrante. O sujeito entra na concessionária, olha os modelos, escolhe aquele carro que vai de zero a cem quilômetros em 10 segundos e depois fica andando a 5 quilômetros por hora numa fila interminável, que mais parece um cortejo fúnebre do que viagem numa autopista, que legal. E quando chega, encontra o mesmo cortejo no posto de gasolina, no hotel, na padaria, no restaurante, no supermercado e na praia mesmo. Que situação.
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A mulher que amo continua em meus pensamentos. Ela já me prometeu que vai fazer essa caminhada comigo. Chego no sétimo quilômetro, paro e olho a subida que deixei para trás e penso no que ela vai dizer quando estivermos por aqui logo logo e ao olhar a próxima curva, vai descobrir que faltam ainda alguns quilometrozinhos a mais. Sem contar o sol que agora deve estar uns 40°C. Mas vamos em frente.
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Ah, chegou a pausa que refresca. Só tenho uma garrafa de água, mas já cheguei no bosque, que dá uma sombra deliciosa, fora a gostosura que é encher os pulmões com esse ar fresco com perfume de eucalipto. Penso nas pessoas na cidade grande espremidas dentro de trens, dentro de ônibus fumacentos, enlatadas dentro do metrô e fico imaginando quantas pessoas devem vez ou outra ter um treco dentro daquilo tudo.
Bosque. Ar puro, sombra e meditações. E ao longe a fila de carros passando.
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Paro um pouco no bosque, admiro toda aquela natureza, aquela paz e depois me lembro que na segunda feira vou no ferro velho pegar meu tanque para fazer o compressor. Passear no ferro velho, passear na pista com esse sol, chegar em casa e passar a mão na cabeça do cachorro que vem me receber, tomar um refresco e depois tirar as botas.

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Na terça feira faço o caminho contrário para ver o povo voltando para a cidade grande.
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É, realmente é mais divertido do que passear na Disneylândia.

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