
Para me distrair um pouco e me reanimar do mal estar que sentia no peito, ao passar numa locadora decidi pegar o filme sobre Charles Darwin, história que já conheço, mas quis ver novamente. Pensei que afinal tantas coisas deixamos de ver e de repente jamais veremos mesmo. Se bem que creio que não nos importaremos muito com isso. Ainda com a dor no peito e com palpitações, comecei a ver o fime. Não poderia ter escolhido melhor. Charles Darwin, a épica viagem do navio Beagle, o obstinado capitão Fitzroy, Darwin escrevendo a teoria da evolução, a história foi me emocionando de tal forma que aos poucos meu coração batia com força. Achei ótimo. Talvez fosse o fim, como saber.
Só a cena em que duas crianças nativas são recebidas pela Rainha Vitória depois de um processo civilizatório é de levar às lágrimas. Enquanto eram conduzidas pelos guardas do palácio, relembrei todas as histórias sobre o tema império, desde Roma antiga até as páginas do livro de Marco Aurélio, um dos imperadores de Roma e depois as histórias do império britânico. Para quem gosta dessas coisas, um voo da mente sobre esse caminhar da humanidade me fez sentir que afinal não seria de todo mal se minha vida terminasse alí mesmo, com esses sonhos e lembranças.

Olhando as estrelas me detive nesses pensamentos. A tranquilidade da noite, a meditação sobre talvez estar, quem sabe, a pouco tempo de realmente saber se existe alguma coisa além da vida ou então descobrir o esquecimento absoluto. Surpreendi-me pela sensação de calma, quase uma espécie de baixa, como um soldado ao terminar uma missão.

Fiquei com lágrimas nos olhos imaginando tudo isso, mas a vida tem dessas coisas. Podemos ter planos e um certo caminhar, mas não o controle das coisas. Me lembrando da imagem dela, penso em vê-la, em sentir seu abraço, em lhe dar parte da minha vida, como ela me deu parte de sua vida.
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