domingo, 20 de fevereiro de 2011

D15 Calor de 35 graus

É o que diz o termômetro...
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Olho para a janela e o sol, sim esse mesmo que está fazendo mamonas estalarem parece bem convidativo. No horizonte nuvens de chuva. Tudo indica que além de sol também pegarei uma bela chuva na caminhada. Vamos que vamos. O meu amigo cachorro fica desanimado ao ver que não vai sair. Se ele soubesse o bem que lhe faço daria pulos de alegria, mas ele se reconforta com um afago creio que meio lembrado da última vez em que o levei sob esse sol atendendo a seu olhar tristonho e no meio do caminho o dito cujo quase desmaiou.
Ajeito a garrafa de água dentro da mochila e olho no termômetro, sim, 35 graus mesmo. Arrumo o tocador de MP3 no bolso, ponho a mochila e o chapéu e saio. Como eu pensava. Ninguém na rua. Também com esse calor não é de admirar. Olho para a fábrica bem longe e sinto uma sensação de euforia. Muito à frente da fábrica vejo a descida em que estarei caminhando dentro de duas horas. Sem problemas, ligo o som e vou ouvindo enquanto subo a rua. É gratificante me sentir assim mesmo vendo toda a distância que terei que percorrer. Significa que estou melhorando. Ao alcançar a saída para a rodovia, os primeiros carros passam com passageiros e motoristas olhando. Cruzes, o sujeito está caminhando com esse sol? Sim, estou, ora essa, nunca viu? Na praia ninguém reclama do sol. Que coisa.
No meio do caminho, ainda próximo das casas vou me aproximando de uma mulher bem gorda. Que coisa elogiável, tudo indica que ela duramente se esforça para reduzir seu peso. Penso que é um verdadeiro exemplo nos dias de hoje. Caminhando assim, creio que dentro de um ano terá conseguido progressos notáveis. Ao passar por ela vejo que está comendo um belo pedaço de pudim e não é roupa de caminhada. Então deve estar indo bem tranquila para casa voltando talvez da padaria onde comprou um belo e delicioso pudim de leite. Ainda há pelo menos esperanças de que ela venha a entrar para o livro de recordes. De peso, é claro.
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Chego no trevo e admiro minha floresta. Quando faço a curva vejo o ar quente se levantando do asfalto, deixando a pista ao longe parecendo molhada. De novo passam todos de olhos postos em mim. Tenho até medo que algum motorista perca a direção de tanto me olhar. Mas nunca viram um sujeito caminhando? Sim, está um sol de rachar que sinto nas botas, mas e daí?
Aqui na subida pelo menos uns 40 graus, sem dúvida. Levei uma hora até esse trecho em que levava meia hora a mais para fazer, só agora vou beber água, bem onde antes me perguntava se as garrafas iam durar até o fim da caminhada. É devo estar melhorando mesmo.
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Pego a subida até a fábrica com tudo. Dez minutos estrada acima, com o tempo diminuindo, a disposição aumentando. Caminhões descem a estrada com uma velocidade de dar medo e o vento que fazem me obriga a segurar o chapéu. Os carros passam com todos de olhos grudados em mim ou todos hoje deram de olhar para o lado direito do passageiro e do motorista sabe-se lá porque. Sim, está um sol que deixa o asfalto mole, mas que coisa, no trio elétrico ninguém reclama.
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Chego na frente da fábrica e olho para o ponto de onde saí há uma hora atrás. Me sinto bem e posso beber mais água e continuo caminhando no ponto onde antes meus pés latejavam e minhas costas doíam tanto que eu tinha que descansar um pouco e a idéia de pegar o ônibus virava uma tentação. Sim, estou melhorando mesmo. Delícia. Com a música dos Rolling Stones também qualquer um caminha assim.
Maravilha, chego no ponto em que olhei há coisa de uma hora e meia atrás lá do outro lado do caminho e vejo que o tempo se mantém. A chuva mudou de rumo. Nada mau, assim a roupa no varal fica seca.
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Continuo ouvindo a música e vou descendo. É, agora a temperatura baixou mas no asfalto é certo que peguei uns 37 ou 40 graus. Ao que tudo indica, se o relógio não estiver sofrendo de insolação, estou melhorando o tempo. Preciso começar a me lembrar de trazer o termômetro.
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O sol se vai e eu também, mas foi divertido.

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